Pivô da mais recente crise política envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Marcos do Val (Podemos-ES), que está em seu primeiro mandato como senador, tem trajetória ligada às forças de segurança pública, em especial no seu estado de origem, Espírito Santo.
Do Val foi eleito com 863.359 votos, pelo PPS – que se tornou Cidadania, em 2018, em sua primeira eleição. Na campanha, se apresentava como bolsonarista e usou o ex-presidente em seu material de divulgação. No estado, no entanto, era alinhado com o governador Renato Casagrande (PSB), que no pleito apoiava Fernando Haddad (PT).
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Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou possuir R$ 737 mil em patrimônio, distribuídos em dois veículos, um apartamento e aplicações financeiras. Em sua campanha, gastou R$ 130 mil. Do total arrecadado, 40%, R$ 46 mil, foi doação própria.
Especialista em resgate de reféns, abordagens táticas, CQB (combate a curta distância) e planejamento operacional, Do Val, que tem 51 anos, fundou em 2006 a Cati – Curso Avançado em técnicas de imobilização, por onde intermediava a ida de policiais brasileiros para cursos com polícias e destacamentos especiais em outros países. O senador não integra mais o quadro societário da empresa.
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Nos Estados Unidos (EUA), a Cati mantinha uma parceria com a Swat, grupo de elite da polícia americana onde Do Val trabalhou como instrutor. Por meio da Cati, o senador enviava policiais brasileiros para treinamentos específicos na Swat.
O senador disse que abandonará a cadeira no Congresso / Marcos Oliveira/Agência Senado
Ainda em solo americano, o senador brasileiro foi instrutor de funcionários da Nasa, agência espacial americana, do FBI, polícia federal do país, e do grupo Navy Seals, que integra a marinha do país.
Além dos EUA, Do Val intermediava a ida de brasileiros para treinamentos na Agentina, Bélgica, Chile, China, Colômbia, Espanha, Equador, França, Itália, Luxemburgo, Paraguai, Portugal e Uruguai.
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Em 2006, Do Val foi contratado para treinar o elenco de policiais do primeiro filme da série Tropa de Elite, dirigido por José Padilha, que foi lançado em 2007. Na época, a produção recebeu críticas por fazer apologia à violência policial.
Entre os brasileiros levados pela Cati aos EUA, para treinar na Swat, estava o investigador Orlando Rollo, ex-presidente do Santos, que foi preso em dezembro de 2022 por suspeita de envolvimento com tráfico internacional de drogas. Rollo fez o curso em abril de 2019.