Ceará

Violência

Ceará reduz casos de transfeminicídios, mas tem alta de casos de violência sexual

Rede de Observatórios da Segurança registrou 2.423 casos de violência contra a mulher em sete estados.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Governo do estado lançou, no domingo (5), durante o Clássico-Rei, o Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e Combate ao Feminicídio, como primeiro ato da campanha #EuTôNaDefesa. - Foto: Hiane Braun/José Wagner/GOVCE

O Ceará deixou a liderança do ranking de estados que mais pratica transfeminicídios no Nordeste. Os dados são da Rede de Observatórios da Segurança e fazem referência aos números compilados em 2022, em sete estados do país, pelo boletim "Elas Vivem: dados que não se calam", lançado nesta segunda-feira (6). Líder nos últimos dois anos, o Ceará ocupa agora a segunda colocação, com 10 casos, atrás de Pernambuco, com 12 casos de transfeminicídios.

Enquanto isso, as mulheres cearenses vivenciaram um aumento de casos de violência sexual. O número quase dobrou, passando de 17 para 31 casos no estado.  A terceira edição do boletim registrou 2.423 casos de violência contra a mulher em 2022, ou seja, a cada quatro horas ao menos uma mulher foi vítima de violência. 495 delas foram mortas. A maior parte dos registros nos sete estados monitorados (BA, CE, PE, SP, RJ, MA e PI) tem como autor da violência companheiros e ex-companheiros das vítimas. São eles os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio. As principais motivações são brigas e términos de relacionamento.

Os números da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), mostram que no Ceará oito mulheres foram assassinadas em 2023. Entre elas, pode estar a vereadora, presidente da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, Yanny Brenna, de 26 anos, morta na última sexta-feira. A principal linha de investigação da polícia aponta que ela foi assassinada pelo namorado Rickson Pinto, que se suicidou em seguida.

“O Estado só pode oferecer uma resposta eficaz se houver investimento para se entender esse tipo de crime em suas múltiplas dimensões, e o comprometimento da produção cidadã de dados atua para que esse tipo de violência tenha medidas eficazes e orientadas para a resolução desse padrão de violência que passam por visibilidade, diligência, investimento, responsabilização e prevenção”, explica Edna Jatobá, uma das pesquisadoras do Observatório.

Trazer à tona esses números, que representam vidas de mães, irmãs e filhas, acende um alerta que pode salvar vidas, antes que seja tarde demais. Segundo as estatísticas da Secretaria da SSPDS, somente no mês de janeiro, 1.921 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência registrada na Lei Maria da Penha. A maior parte dos casos, ocorre aos fins de semana, especialmente no domingo, entre 18h e 23h59.

Nesse contexto, o Governo do estado lançou, no último domingo (5), durante o Clássico-Rei, na Arena Castelão, o Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e Combate ao Feminicídio, como primeiro ato da campanha #EuTôNaDefesa. Durante o lançamento da campanha, a vice-governadora Jade Romero (PMDB), destacou a importância das denúncias pelo número 180 e garantiu prioridade do Governo no combate à violência contra a mulher

"A criação da secretaria da mulher, que eu sou a titular, é um sinal da prioridade do governo sobre o tema. Foi uma decisão do governador Elmano, termos mulheres fortes, em especial no combate à violência. O que nós mulheres queremos é respeito para acabar com a violência contra a mulher e enfrentar o feminicídio", disse Jade Romero.

Para levar ao público a mensagem, os jogadores alvinegros e tricolores entraram em campo carregando uma faixa com os dizeres “Vamos jogar juntos na defesa. Diga não à violência contra a mulher”. Na camisa, o número 180, que acolhe denúncias, e no habitual espaço para nome, #EuTôNaDefesa. Durante o jogo, o capitão de cada equipe permaneceu com a braçadeira lilás com o número 180 grafado.

No Ceará, além da Casa Brasileira, a rede de apoio às mulheres vítimas de violência conta com as Casas das Mulheres Cearenses que funcionam em Sobral, Juazeiro do Norte e Quixadá.

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Edição: Francisco Barbosa