combate à exploração

Três trabalhadores são resgatados em condições análogas à escravidão, em sítio de Minas Gerais

Eles viviam em casebres precários, sem acesso a alimentação adequada e recebiam cerca de R$ 100 por semana

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Resgate ocorreu em propriedade localizada em Bom Jardim de Minas (MG), na região da Zona da Mata Mineira - Divulgação/Ministério do Trabalho e Emprego

Três trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados por uma equipe formada exclusicamente por mulheres da Divisão para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os trabalhadores foram localizados em Bom Jardim de Minas (MG), na região da Zona da Mata Mineira, após ações fiscais realizadas entre os dias 27 de fevereiro e 3 de março.

:: Mais de 2,3 mil mulheres foram resgatadas de trabalhos análogos à escravidão desde 2003 ::

Os homens resgatados trabalhavam em um sítio, realizando serviços gerais e cuidando do gado. Duas das vítimas eram irmãos, que estavam sob condições degradantes desde 2015. Eles viviam em casebres precários, de um só cômodo, compartilhando o espaço com produtos químicos utilizados para controle de vermes dos animais, e recebiam cerca de R$ 100 por semana.

A terceira vítima, um homem de 74 anos, era explorado havia ainda mais tempo, ao menos 15 anos. Ele também recebia cerca de R$ 100 por semana - o que representa um rendimento médio mensal entre R$ 400 e R$ 500, bem abaixo do salário mínimo (atualmente em R$ 1.320). As vítimas não tinham acesso a alimentação adequada.


Trabalhadores viviam em condições precárias / Divulgação/Ministério do Trabalho e Emprego

"O que mais me chocou foi a situação de miserabilidade a que estavam submetidos esses três trabalhadores. Eles eles comiam [apenas] arroz com feijão, não tinham acesso a carne. A proteína a que eles tinham acesso era ovo, e para consumir ovo, eles pagavam R$ 1 por ovo para a proprietária do sítio", relata Donin.

Em outra ação realizada pela mesma equipe, foram constatadas irregularidades em uma fazenda que realiza pecuária de leite. Apesar de não haver caracterização de trabalho em condição análoga à de escravo, foram identificadas irregularidades. Os empregadores foram notificados pela equipe do MTE e as providências necessárias estão sendo tomadas.

O grupo que localizou os trabalhadores contou com oito Auditoras-Fiscais do Trabalho, duas agentes administrativas e uma motorista da equipe do MTE. 

Denúncias podem ajudar

Para chegar às vítimas de situação análoga à de escravo, o MTE conta com o trabalho de setores internos de inteligência, além de denúncias feitas ao próprio ministério e a outros órgãos, como o Ministério Público ou a Defensoria Pública.

Um dos caminhos para fazer as denúncias é o Disque Direitos Humanos, ou Disque 100. As ligações podem ser feitas por qualquer telefone, fixo ou celular, e são gratuitas. O serviço funciona 24 horas por dia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho