Estão sendo esperadas cerca de 600 pessoas em cada dia do I Congresso da Educação Inclusiva do RS, dias 24 e 25 de março, no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa do RS. Representantes de mais de 70 cidades gaúchas já estão inscritos para debater boas práticas e educação para os direitos das pessoas atípicas nas escolas, em especial, estudantes com deficiência.
Durante os dois dias, serão 70 palestrantes, em 13 mesas temáticas de debate e apresentação de boas práticas de inclusão na escola, incluindo em quatro delas 10 trabalhos de estudantes. Também acontecem seis workshops para educar para os direitos e instrumentalizar mães, pais e profissionais, uma aula Magna com a deputada estadual de SP e fundadora do Instituto Lagarta Vira Pupa Andréa Werner, quatro apresentações culturais com pessoas com deficiência (piano, dança, bboy e violino) e uma exposição de seis trabalhos e livros da comunidade atípica e da educação inclusiva.
Realizado durante a 7ª Semana Estadual da Síndrome de Down e em alusão do Dia do Autismo como atividade do Instituto Lagarta Vira Pupa, a organização é da Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD), do Instituto Lagarta Vira Pupa e da Federação Brasileira da Síndrome de Down com parceiras.
I Congresso da Educação Inclusiva do RS acontece nos dias 24 e 25 de março, no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa do RS / Divulgação
Segundo a coordenadora e curadora do Congresso, a socióloga Aline Kerber, o evento está sendo projetado desde 18 de julho do ano passado, quando estava na condição de vereadora na Comissão de Educação e Cultura. “Chamei uma reunião com os profissionais das salas de integração e recurso, os AEES de Porto Alegre, da rede municipal de Porto Alegre, e o que era pra ser uma hora virou 4 horas de debates com muitas especificidades, um cenário bastante complexo”, recorda.
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A partir dessa reunião, segundo ela, decidiram levar mais adiante, envolvendo o estado todo. “Conseguimos uma audiência pública na Assembleia Legislativa, e na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos fizemos o debate sobretudo em relação a inclusão escolar de estudantes autistas. Na ocasião, se encaminhou que a Associação Mães e Pais pela Democracia seria a curadora, organizadora desse congresso de educação inclusiva.”
Aline conta que começaram a agrupar pessoas, profissionais da área da saúde, da assistência, da segurança, mas sobretudo da educação, e também do campo das terapias, com destaque especial às mães atípicas. “E aí chegamos nessa programação, a partir de oito reuniões online. Nós temos 70 pessoas que vão falar, além da mesa de abertura com autoridades, com gestores e com representantes de federações e entidades das causas da deficiência e também da educação.”
Boas práticas de inclusão na escola
A ideia, segundo Aline, é apresentar boas práticas de inclusão na escola, com foco na escola regular. “Mas a gente também vai fazer o debate entre escola regular e a escola especial, que é um grande debate, sobretudo a partir da revogação do decreto 10.502, do Bolsonaro, lá de outubro de 2020, que foi um grande retrocesso na política de inclusão na escola. O Lula já revogou esse enorme retrocesso que criava classes especiais, segregava.”
A socióloga afirma que o congresso se contrapõe a essa visão, claramente, mas quer fazer o debate. “Quais são as pontes possíveis entre a escola especial e a escola regular do ponto de vista do atendimento para os estudantes, um atendimento integrado para os estudantes com deficiência. E fazer um debate de qualidade”, salienta.
85% dos estudantes com deficiência são de mães solo
Outro tema que será abordado é a paternidade ativa. Conforme Aline, 85% dos estudantes com deficiência são de mães solo. “Quando os pais veem o laudo somem. Nós queremos debater a paternidade ativa atípica. A gente está com grande expectativa, porque é um debate fora da curva, não usual, e que a gente trouxe pessoas que fazem esse debate pra falar.”
Pacto pela inclusão escolar no Rio Grande do Sul
Na mesa inicial, destaca a curadora, será estabelecido um pacto pela inclusão escolar no Rio Grande do Sul, com as autoridades presentes. “A gente quer firmar esse pacto publicamente no início do congresso, e ao final, nós pretendemos ter um documento síntese de todos os pontos trazidos, criando na sequência uma agenda prioritária em defesa da educação inclusiva no estado.”
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Aline também destaca o objetivo de oficializar essa data. “É o primeiro congresso, mas queremos que ele esteja na agenda da Faders, na agenda da Assembleia Legislativa, e tenha uma comissão que trabalhe com as pessoas com deficiência e que enfim, a gente possa em alguma medida institucionalizar essa rede enorme que criamos, num estado inteiro, que quer realmente transformar e quer se envolver pra além da sua situação, numa causa maior, que é a causa da inclusão. A gente espera que todas as pessoas saiam dali com mais expectativas em relação a possibilidade de inclusão nas escolas”, conclui.
Confira a Programação completa
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