Transição energética

México e Bolívia planejam criação de 'OPEP do lítio' entre países latino-americanos

Presidente da Bolívia revela conversa com homólogo mexicano e disse querer convidar Argentina, Peru e Chile

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O presidente boliviano Luis Arce - Twitter / Luis Arce

O tradicional evento de celebração do Dia do Mar, no qual a Bolívia reivindica uma saída marítima para o país como a que possuía até sua derrota na Guerra do Pacífico (1879-1883), o principal tema acabou sendo outro: a exploração do lítio.

Em seu discurso, o presidente do país, Luis Arce, afirmou que os projetos do seu governo contam com a possibilidade de se criar uma “OPEP do lítio”, com poderes de controlar o preço mundial desse mineral, como faz a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) com o chamado “ouro negro”.

“Nosso lítio deve possibilitar o avanço no caminho da nossa plena independência. Gravitar no mercado de maneira soberana, com preços que beneficiem as nossas economias [dos países latinos], e uma das formas para isso é a que me planteou o presidente Andrés Manuel López Obrador, que é a de criar uma espécie de ‘OPEP do lítio’”, revelou o mandatário boliviano.

Segundo Arce, os planos para a criação dessa possível organização devem incluir em breve convites para que Argentina, Peru e Chile sejam parte da iniciativa.

“Nós temos lítio na Bolívia, Chile, Argentina e Peru, e estamos dispostos a desenhar, de maneira conjunta, uma política que assegure a posição dos nossos países como provedores deste tipo de energia em condições soberanas, que favoreçam o nosso povo”, acrescentou.

Arce não especificou se os planos para criação da “OPEP do lítio” só envolverão países latinos, ou também se abriria para outros países com grandes reservas do mineral, como China e Austrália, mas deu a entender que a organização não deve dar abertura para grandes países do Ocidente, e seu argumento para tanto fez uma clara referência aos Estados Unidos.

“Não queremos que nosso lítio seja visto por nenhum Comando Sul ou seja motivo de assédio externo ou de desestabilização de governos eleitos democraticamente”, completou o presidente boliviano.

Essa última declaração também faz alusão ao golpe de Estado em seu país, contra o ex-presidente Evo Morales, o qual teria sido planejado para atender aos interesses de Elon Musk, segundo o próprio empresário confessou tempos depois.