Rússia e Ocidente

Putin culpa EUA e 'revoluções coloridas' pela atual crise ucraniana

Em discurso a novos embaixadores, o presidente russo discursou sobre a 'degradação' das relações com a Casa Branca

Rio de Janeiro |

Ouça o áudio:

Vladimir Putin faz discurso sobre a política externa russa em cerimônia de credenciamento de novos embaixadores no Kremlin, em 5 de abril de 2023. - Vladimir Astapkovich / Sputnik / AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, fez um discurso sobre a atual concepção da política externa do país nesta quarta-feira (5) durante a cerimônia de apresentação de credenciais dos novos embaixadores de 17 Estados. 

Em particular, estava presente a embaixadora dos EUA, Lynn Tracy, a primeira mulher a representar o país na Rússia. Ao dirigir-se a ela, o presidente russo disse que o uso das chamadas "revoluções coloridas" pelos EUA em sua política externa levou à crise ucraniana de hoje.

"O uso da política externa dos EUA de instrumentos como as chamadas 'revoluções coloridas' e o consequente apoio ao golpe de Estado em Kiev em 2014 levou à crise ucraniana e à degradação das relações russo-americanas. Mas sempre defendemos a construção de relações entre a Federação Russa e os EUA com base na igualdade, respeito pela soberania e não interferência nos assuntos internos uns dos outros. Continuaremos a agir assim no futuro", disse Putin.

O discurso aos embaixadores serviu para Putin reiterar a nova concepção de política externa da Rússia, divulgada no último 31 de março. O documento prevê uma doutrina baseada em uma visão multilateral da ordem internacional e cita os países do Ocidente como Estados hostis a Moscou. Também foi citada a concepção da Rússia como um "Estado-civilização", que dá à Rússia uma posição particular no mundo. 

"A Rússia se autodeterminou como um país-civilização original, uma fortaleza do mundo russo, um dos centros soberanos do desenvolvimento mundial, desempenhando um papel único na manutenção do equilíbrio global", diz o documento.

No discurso aos embaixadores, Putin afirmou que esta concepção singular é justificada por "uma experiência milenar de Estado independente, um rico patrimônio cultural, desenvolvido ao longo de muitos séculos, a capacidade de assegurar a convivência harmoniosa de vários povos, grupos étnicos, religiosos e linguísticos no seu vasto território".

O presidente russo destacou que esta noção segue uma política multivetorial com a consciência de "responsabilidade especial em manter a estabilidade e a segurança nos níveis global e regional".

Putin ressaltou que o país está "aberta ao diálogo construtivo com todos os países, sem exceção". Segundo ele, Moscou não pretende "se isolar de ninguém" e "não tem intenções preconceituosas e ainda mais hostis para com ninguém".

Edição: Thales Schmidt