Guerra na Ucrânia

Rússia estima número de baixas militares na Ucrânia em 110 mil, diz documento vazado dos EUA

Dados mostram que FSB teria acusado o Ministério da Defesa da Rússia de "ocultar perdas russas na Ucrânia"

Rio de Janeiro |
Fotografia aérea mostra edifícios residenciais destruídos na vila de Bohorodychne, região de Donetsk, em 21 de fevereiro de 2023 - Ihor Tkachov / AFP

Meios de comunicação continuam analisando os documentos secretos vazados dos EUA com análises sobre a guerra na Ucrânia. Reportagem do The New York Times publicada nesta quinta-feira (13) afirma que o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) travou uma disputa interna com o Ministério da Defesa da Rússia sobre o número de baixas militares da guerra na Ucrânia. Para a agência de inteligência da Rússia, o número de mortos e feridos no conflito é de 110 mil.
  
De acordo com o jornal, os serviços especiais dos EUA teriam conseguido essas informações a partir de interceptação de mensagens eletrônicas. Em um dos documentos, funcionários da inteligência dos EUA afirmam que o FSB "acusou" o Ministério da Defesa russo de "ocultar perdas russas na Ucrânia". 

Segundo o FSB, o Ministério da Defesa não leva em consideração em seus relatórios as perdas entre os combatentes da Guarda Nacional, mercenários do grupo militar privado "Wagner" e militares enviados da Chechênia para a Ucrânia. A inteligência dos EUA alega que isso mostra a relutância dos militares "em passar más notícias ao longo da cadeia de comando".

A última vez que o Ministério da Defesa da Rússia declarou publicamente o número de perdas militares na guerra foi em 21 de setembro de 2022, anunciando que 5.937 militares russos teriam sido mortos na Ucrânia até então.

Ao comentar os relatos sobre a suposta controvérsia entre o FSB e o Ministério da Defesa, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou: "Não sei em que se baseiam esses relatórios, mas estou pronto para questionar sua autenticidade e a compreensão do autor sobre a essência do que está acontecendo dentro da Rússia", disse Peskov nesta quinta-feira (13). 

Contexto

O vazamento de documentos militares e de inteligência dos EUA, datados do final de fevereiro e início de março, aconteceu na última semana e têm significativa parte dedicada à guerra na Ucrânia. O Pentágono chegou a reconhecer não oficialmente a legitimidade dos documentos. 

Composto de uma série de gráficos militares, com muitos sendo marcados como "ultrassecretos", o conteúdo dos relatórios vazados demonstra uma análise sobre as perdas sofridas por ambos os lados da guerra e sobre a vulnerabilidade militar de cada um deles. Em particular, é constatada uma conclusão sobre fragilidade do exército ucraniano e sua incapacidade de conduzir uma operação ofensiva em larga escala contra a Rússia.  

Anteriormente, uma outra leva dos documentos secretos revelou uma estimativa feita pelos Estados Unidos de que a Rússia teria tido entre 189,5 mil e 223 mil baixas militares, sendo que o número de mortos seria de 35,5 mil a 43 mil.

O FBI prendeu nesta quinta-feira (13) um suspeito de ter vazado os documentos secretos do Pentágono e da inteligência norte-americana. O Procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, confirmou que Jack Teixeira, um membro da unidade de inteligência da Guarda Aérea Nacional dos EUA de 21 anos, foi preso sob suspeita de envolvimento no vazamento de documentos classificados.

"O FBI fez uma prisão e continua realizando ações autorizadas de aplicação da lei em um prédio de apartamentos em North Dayton, Massachusetts", diz o comunicado do FBI.

Edição: Thales Schmidt