Atrito

Posição do Brasil sobre guerra na Ucrânia 'não é neutra', diz porta-voz da Casa Branca

EUA criticam falas de Lula, mas ressaltam "confiança" na relação bilateral

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Um tanque ucraniano dispara em direção à posição russa perto da cidade de Bakhmut, região de Donetsk - Anatolii Stepanov / AFP

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou nesta terça-feira (19) que o Brasil é um "país soberano" para tomar suas próprias decisões, mas destacou que a posição recente das autoridades brasileiras sobre a guerra na Ucrânia não é de neutralidade e que os EUA não contribuem para o conflito.

"O Brasil é um país soberano e toma suas próprias decisões. Eu vou deixar dessa maneira, e, de novo, vou dizer, estamos confiantes na força das relações entre EUA e Brasil. Ainda que discordemos de algumas das coisas que o presidente Lula disse, nós estamos confiantes na relação", disse Jean-Pierre em coletiva de imprensa.

A fala ocorre após Lula afirmar que Rússia e Ucrânia decidiram pela guerra. Durante agenda nos Emirados Árabes Unidos, Lula afirmou: "Eu penso que a construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países [Rússia e Ucrânia]. E agora o que nós estamos tentando construir? Nós estamos tentando construir um grupo de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra."

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Depois de criticas do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby — que acusou o Brasil de repetir "propaganda da Rússia e da China" —, o presidente brasileiro afirmou nesta terça que condena a "violação da integridade territorial" da Ucrânia.

A porta-voz da Casa Branca criticou o "tom" da coletiva de imprensa do Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e seu homólogo russo, Serguei Lavrov, na segunda-feira (17).

"Nós ficamos chocados pelo tom da coletiva de imprensa do ministro das Relações Exteriores ontem, que foi não foi um tom de neutralidade, sugerindo que os EUA e Europa não estão interessados na paz ou que nós temos responsabilidade pela guerra. Nós acreditamos, e é verdade, que é plenamente errado", destacou Jean-Pierre. "O tom não foi neutro e não é verdade, então vamos continuar a falar sobre isso, assim como você ouviu o almirante [John] Kirby ontem".

Edição: Nicolau Soares