polícia investiga

Deputada paraense Lívia Duarte denuncia ofensas racistas e ameaças de morte

Agressões foram enviadas por e-mail; "a gente recebe com muito estarrecimento, mas com muita coragem", diz parlamentar

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Os agressores afirmaram que a deputada paraense Lívia Duarte (PSOL) iria "visitar" Marielle - Reprodução/Instagram

A polícia civil do Pará e a Polícia Federal investigam ofensas racistas e ameaças de morte recebidas pela deputada estadual paraense Lívia Duarte (PSOL). Em mensagem enviada por e-mail, agressores ainda ameaçaram realizar uma chacina.

"Vamos invadir o Campus da UFPA (...) e fazer um massacre, vamos chacinar todos cotistas, negros, índios, pardos, gays, lésbicas, trans e travestis que estiver no nosso caminho" (sic), diz um trecho da ameaça recebida.

O texto enviado à deputada por e-mail relatava a possibilidade de a tal "chacina" ocorrer no último dia 20 (quinta-feira). Por medidas de segurança, as agressões só foram divulgadas após essa data.

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A agressividade se estendeu também à memória da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em março de 2018 junto do motorista Anderson Gomes. Os agressores afirmaram que a deputada paraense iria "visitar" Marielle.

"A gente recebe de maneira muito estarrecida, porque é um crime de ódio e de uma desqualificação absurda. É um crime que não é um sequestro, por exemplo, não há o que eu possa pagar, não há o que ninguém possa pagar. É como o crime que matou Marielle, não tem explicação racional, não tem uma razão", disse Lívia Duarte ao Brasil de Fato.

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O trabalho da parlamentar é reconhecido internacionalmente. No início da última semana ela esteve em Washington, nos Estados Unidos, a convite do Observer Research Foundation America (ORF America), instituto independente de políticas públicas, para participar de um painel de discussão sobre a agenda para os bancos multilaterais de desenvolvimento.

Militante antirracista, a deputada disse que não vai deixar de realizar seu trabalho na assembleia legislativa paraense, mesmo sob ameaças. Ela afirma que recebeu as agressões "com muito estarrecimento", mas também com "muita coragem e muita resistência".

"Não é que eu não tenha medo, eu tenho medo, sempre, todos os dias, mas a gente não pode deixar que esse medo paralise a gente, e a gente não pode deixar que eles achem que venceram. A gente tem que devolver essas pessoas para o lixo da história, de onde elas nunca deveriam ter saído. Vamos para cima desses canalhas", completou.

Edição: Nicolau Soares