Marco simbólico

OMS declara fim da emergência sanitária global - mas não da pandemia - de covid-19

Organização ressalta, no entanto, que coronavíruas ainda é ameaça e mata uma pessoa a cada três minutos no planeta

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Criada pelo CDC, ilustração foi uma das primeiras representações gráficas do coronavírus - Reprodução

A Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou nesta sexta-feira (5) o status da covid-19 e a doença não é mais considerada uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Após mais de três anos, o coronavírus deixa de ter o mais alto grau de alerta planetário. Mas a mudança não altera a classificação de pandemia para a propagação do vírus. Segundo a OMS, ele ainda representa risco contínuo para a humanidade.

De acordo com o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom, a decisão ocorreu após recomendações do Comitê de Emergência da OMS. "É com grande esperança que declaro o fim da Covid-19 como uma emergência de saúde global. Todavia, isso não significa que a Covid-19 acabou como uma ameaça à saúde global. Na semana passada, a Covid tirou uma vida a cada três minutos – e essas são apenas as mortes que conhecemos."

A decisão da OMS não tem muito impacto prático, porque boa parte das nações já havia encerrado estados de emergência em saúde pública e suspendido medidas protetivas obrigatórias. "Por mais de um ano, a pandemia está em uma tendência decrescente. Essa tendência permitiu que a maioria dos países voltasse à vida como a conhecíamos antes do Covid-19", disse Adhanom.

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Ainda assim, o simbolismo da medida é impactante. Ela representa o maior passo que a Organização Mundial da Saúde deu no sentido de reafirmar que a situação já não é mais tão grave. A covid-19 matou mais de 7 milhões de pessoas desde que foi detectada pela primeira vez e foi, sem sombra de dúvida, a maior emergência em saúde do século.

Mesmo que o pior pareça ter passado, a diretora técnica da OMS para covid-19, Maria Van Kerkhove, ressaltou, durante a transmissão, que o coronavírus segue um desafio. A epidemiologista afirmou que o rastreamento precisa continuar e os governos não podem baixar a guarda.

"Epidemiologicamente, esse vírus continuará causando ondas. O que esperamos é que tenhamos as ferramentas para garantir que as ondas futuras não resultem em doenças mais graves, não resultem em ondas de morte e podemos fazer isso com as ferramentas que temos à mão. Só precisamos ter certeza de que estamos rastreando o vírus, porque ele continuará a evoluir."

Em abril, o coronavírus infectou 2,8 milhões de pessoas e causou mais de 17 mil mortes. Segundo a OMS os dados podem ser ainda piores, já que as nações estão testando menos e nem todos os casos são reportados. Desde o fim de 2019, houve mais de 760 milhões de contaminações, número que também pode estar subnotificado.

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"Ainda existe uma ameaça à saúde pública, e todos nós vemos isso todos os dias em termos da evolução deste vírus, em termos de sua presença global, sua evolução contínua e vulnerabilidades contínuas em nossas comunidades, tanto vulnerabilidades sociais, vulnerabilidades de idade, vulnerabilidades de proteção e muitas outras coisas", disse. Mike Ryan, diretor do Programa de Emergências de Saúde da OMS. "Na maioria dos casos, as pandemias realmente terminam quando a próxima começa. Eu sei que é um pensamento terrível, mas essa é a história das pandemias", completou.

Mesmo que não esteja mais enquadrada na categoria ESPII, a covid-19 pode ser um risco para os sistemas de saúde dos países. Fatores como as fake news, a falta de acesso à vacina - principalmente em países de menor poder econômico – a diminuição na testagem e até mesmo o relaxamento de vigilância e a diminuição no número de pesquisas de sequenciamento genético seguem como grandes preocupações.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho