Menos recursos

Câmara altera Fundo Constitucional do DF sem votos de parlamentares da unidade federativa

Relator do novo arcabouço propôs mudança que pode reduzir repasses da União para Capital do país

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Reginaldo Veras e Érika Kokay usaram a tribuna para defender manutenção do FCDF - Montagem - Bdf - DF

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (24), o destaque sobre a alteração dos cálculos do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) proposto pelo deputado Cláudio Cajado (PP-BA), relator do novo arcabouço fiscal. Foram 316 votos pela alteração, 3 abstenções e 160 contrários, entre eles todos os oito deputados do Distrito Federal, que antes da votação tentaram convencer seus colegas parlamentares sobre os danos da medida para a capital do país.

“Nós sofremos um golpe grande no que diz respeito ao fundo constitucional do Distrito Federal que existe porque Brasília é a capital da República e tem que ser considerada enquanto tal", afirmou a deputada Érika Kokay (PT-DF) logo após a aprovação do destaque. A deputada informou que a bancada do DF vai continuar lutando contra a alteração. “Nós vamos tentar reverter no Senado e reverter em todos os espaços necessários, porque Brasília é a capital do país”.

De acordo com a parlamentar, as mudanças propostas pelo relator Cláudio Cajado podem significar uma perda de R$ 87 bilhões em dez anos. “Isso é um impacto imenso para a nossa cidade, que é a capital do Brasil, que hospeda aqui toda a estrutura do Estado brasileiro e as representações estrangeiras e merece respeito”, defendeu.

:: Novo arcabouço fiscal deve afetar orçamento do Distrito Federal ::

O deputado Reginaldo Veras (PV) também repudiou o destaque aprovado pelo plenário da Câmara. “Essa inclusão do FCDF no teto de gastos é altamente danosa ao Distrito Federal e pode comprometer a partir de 2025 o orçamento e as contas públicas do DF engessando qualquer possibilidade de aumento às forças de segurança e aos educadores”, afirmou o deputado destacando que o projeto original do Executivo era muito melhor que o apresentado pelo relator.

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 93/23 foi proposto pelo Executivo sem proposta de alteração nos cálculos do Fundo Constitucional do DF. A mudança diz respeito a regra sobre a variação do cálculo do FCDF que atualmente é feita a partir da receita corrente líquida da União, mas Cajado propôs um teto que teria como limite a despesa primária do Poder Executivo.

Além de Érika Kokay e Reginaldo Veras os demais deputados federais do DF participaram da sessão e votaram contra a alteração nos cálculos do FCDF: Rafael Prudente (MDB), Alberto Fraga (PL), Bia Kicis (PL), Fred Linhares (Republicanos), Gilvan Máximo (Republicanos), Paulo Fernando (Republicanos). Deputados de outros estados também votaram contra como a bancada do PSOL que votou integralmente contra o destaque.

Falta de recursos vai impactar mais pobres

Ainda na manhã desta quarta-feira, a Central Única dos Trabalhadores do DF (CUT-DF) promoveu um ato contra a mudança do FCDF na entrada do Anexo II da Câmara dos Deputados. O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, conversou com deputados de outros estados e pediu apoio contra o destaque.

“Nós viemos aqui na Câmara Federal num ato em defesa do Fundo Constitucional conversando com os parlamentares para que mantenham como está e foi proposto pelo governo que foi o autor do novo arcabouço”, afirmou Rodrigues.

O sindicalista lembrou que menos recursos para o DF vai significar menos investimentos na área social e nos serviços que atendem a população de Brasília, sobretudo a mais pobre que depende de escolas, transporte e atendimento médico públicos.

 

Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino