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Justiça nega recurso da defesa de Piquet após fala racista e homofóbica sobre Lewis Hamilton

Ex-piloto foi condenado a pagar R$ 5 milhões após ofensas ao automobilista britânico

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Ex-piloto foi um dos apoiadores mais dedicados de Jair Bolsonaro - Anderson Riedel/PR

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) negou recurso apresentado pela defesa do ex-piloto Nelson Piquet após condenação por ofensas racistas e homofóbicas contra o piloto britânico Lewis Hamilton. As agressões aconteceram em uma entrevista em 2022, enquanto Piquet atuava também como cabo eleitoral e doador de campanha de Jair Bolsonaro (PL).

O brasileiro foi condenado a pagar uma indenização de R$ 5 milhões por chamar Hamilton de "neguinho", além de ter usado termos homofóbicos. O dinheiro será destinado a fundos de promoção da igualdade racial e contra a discriminação da comunidade LGBTQIA+. A decisão que negou o recurso saiu em 26 de maio, mas só foi publicada na última quinta-feira (1º), conforme revelou o UOL.

Além de Hamilton, Piquet direcionou suas ofensas aos ex-pilotos finlandeses Keke e Nico Rosberg, pai e filho. "O Keke? Era um b..., não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele [Nico Rosberg]. Ganhou um campeonato. O neguinho [Hamilton] devia estar dando mais c... naquela época, aí tava meio ruim".

"O neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e não deixou [desviar]. O [Ayrton] Senna não fez isso. O Senna saiu reto. O neguinho meteu o carro e não deixou [Verstappen desviar]. O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar 2 carros naquela curva. Ele fez de sacanagem", disse Piquet na mesma entrevista.

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A ação foi ajuizada pelas entidades Francisco de Assis: Educação, Cidadania, Inclusão e Direitos Humanos (FAECIDH), Centro Santo Dias de Direitos Humanos, Aliança Nacional LGBTI+ e Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH).

Ao analisar o caso na época, o juiz Pedro Matos de Arruda considerou o discurso como discriminatório. Ele observou que o bolsonarista usou a palavra "neguinho" ao criticar Hamilton, associando-o a períodos de baixo desempenho nas pistas.

Na sentença, o juiz levou em consideração o apoio de Piquet a Bolsonaro ao calcular a indenização. Ele mencionou a doação de Piquet para a campanha à reeleição do então presidente, e afirmou que era justo fixar a quantia de cinco milhões de reais como compensação, considerando também a renda anual mínima do réu, com o objetivo de ajudar o país a se desenvolver e combater atos discriminatórios.

Edição: Nicolau Soares