Um marco na luta pela reforma agrária popular e resultado do esforço coletivo no campo, o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra, o MST na Paraíba, celebra a inauguração da Nutrilê, a primeira agroindústria de laticínios do estado.
A conquista, oficialmente inaugurada neste mês de junho, em Casserengue, município da Paraíba, é fruto do trabalho realizado na Associação dos Agricultores e Agricultoras do Assentamento Ernesto Che Guevara e da Cooperativa de Produção e Comercialização dos Caprinocultores e Ovinocultores do Curimataú Paraibano (COOPAC).
:: Estudantes questionam CPI e se encantam ao visitar pela primeira vez uma área do MST na PB ::
Assista ao vídeo:
Augusto Belarmino, diretor de comercialização da COOPAC, explica como a articulação chegou até a fundação da Nutrilê e o impacto na vida dos cooperados. “Ela foi fundada em 2022 e é uma cooperativa que teve um processo de organização anterior, que iniciou pela associação do Assentamento Che Guevara e tem uma importância no desenvolvimento econômico, social e produtivo na região, diminuindo o êxodo rural”, afirma.
O diretor também lembrou dos desafios de fazer a transição do modo de produção dos cooperados: “O primeiro passo foi fazer o povo acreditar que é possível desenvolver uma agricultura, uma pecuária, desde que a gente entenda nossa região. Primeiro foi fazer o povo sonhar... não é fácil você pegar agricultores, produtores com 30, 40 e 50 anos acostumados com um sistema de produção. Mas é um processo que foi demonstrando que é possível."
:: MST inaugura sua primeira fábrica de laticínios na Paraíba ::
A cooperativa, que atualmente conta com a participação de 79 famílias, visa apoiar a comercialização dos produtos agrícolas e pecuários, especialmente o leite de cabra, típico da região.
Agora a agroindústria trabalha no beneficiamento do leite de cabra e no leite bovino produzindo derivados como queijo, iogurte e manteiga. Além de impulsionar a produção e a qualidade de vida no campo, a Nutrilê desempenha também um papel na diminuição do êxodo rural e na geração de renda das famílias.
Saiba mais: No Recife, Feira da Reforma Agrária democratiza acesso à produção do MST em Pernambuco
Para Bruna Lima, cooperada da COOPAC, a agroindústria trouxe benefícios significativos para sua família. “Tem aberto muitos caminhos pra gente, a gente tá tendo muitas experiências que antes não conhecíamos. Sobre a criação de cabra, é uma criação maravilhosa, temos uma lucratividade muito boa através do leite. E foi muito importante pra gente porque foi algo que, por aqui, era desconhecido até então e que, de certa forma, está nos ajudando muito a ter uma renda pra casa”, ressalta.
A Nutrilê é um avanço na área de beneficiamento de alimentos produzidos pelos trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST, e contou com o incentivo do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza no Estado da Paraíba (Funcep), além do apoio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
A iniciativa conjunta do MST com o poder público no estado beneficia diretamente pessoas como o cooperado Pêu, que reside no Assentamento Poço Verde há uma década, mas que só agora consegue garantir mais de um salário mínimo com a produção de leite, o que se tornou sua principal fonte de renda. “Pra gente, é um benefício muito grande termos conseguido esse lote aqui, porque se não fosse isso a gente não tinha como criar, não tinha como desenvolver e arrumar o pão de cada dia da gente. A gente agradece muito ao MST porque sem ele a gente também não consegue, né?” finaliza.
Leia também: Conheça a produção orgânica de óleo de babaçu em Lago do Junco (MA)
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga
