ataques prosseguem

Alvo de ofensas homofóbicas, estudante denuncia omissão da Unifacc do Mato Grosso

Agressões acontecem desde as eleições de 2022 e contabilizam até ameaças de morte

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Estudantes fizeram protestos criticando omissão da faculdade após ofensas recebidas por colega - Acervo pessoal

Um estudante de direito denuncia série de agressões homofóbicas, inclusive com ameaças de morte, sofridas dentro das estruturas da União das Faculdades Católicas de Mato Grosso (Unifacc-MT). Além disso, afirma que a direção da instituição se omite em relação aos agressores.

A vítima, que prefere não se identificar, conta que sofre com os ataques desde 2022 quando, no contexto da disputa eleitoral, recebeu carta com ameaça de morte e teve o material didático rabiscado com ofensas. Na época, a instituição afirmou que repudiava o fato e que tinha aberto investigação.

Neste ano, porém, a situação piorou, segundo o aluno que foi agredido. Ao Brasil de Fato ele disse estar sendo alvo de novas agressões homofóbicas e que a postura da faculdade é de omissão, ou até mesmo, perseguição.

"Logo do início do semestre ia ter troca de líderes de sala. A turma toda me escolheu como novo representante, porém, por algum motivo que até agora ninguém entendeu, a faculdade não aceitou que eu entrasse como líder", relatou.

Em outro episódio, uma psicóloga que atua na faculdade teria apresentado laudo com indicação de tratamento como condição para que o aluno seguisse estudando. Mas esse laudo teria vazado, expondo o estudante. Ele, inclusive, chegou a denunciar a psicóloga ao Conselho Regional de Psicologia (CRP-MT), que informou ter aberto processo investigativo.

A vítima ainda acredita que informações confidenciais sobre sua saúde podem ter sido espalhadas por pessoas ligadas à faculdade, já que parte das ofensas que ele tem recebido mencionam informações que ele nunca expôs a ninguém de seu círculo social.

Colegas do estudante agredido, revoltados por verem pichações espalhadas em banheiros e salas de aula, organizaram um ato e espalharam cartazes pelas instalações para cobrar respostas da direção da faculdade.

"Os próprios alunos se revoltaram de ver a faculdade completamente apática em relação a tudo que aconteceu, e ainda assim a faculdade não toma nenhuma providência. Eu estou em uma situação que eu não sei mais o que fazer", lamentou o estudante.

"Eu sinto como se, de uma forma muito velada, eles estejam incentivando o que tá acontecendo. Estou com uma sensação de desconfiança com todo mundo, eu mal converso com as pessoas: assisto minha aula, levanto e vou embora sem falar com ninguém, porque eu não sei quem tá fazendo essas ameaças", relatou a vítima.

Em nota, a Unifacc-MT afirmou que "tem tomado as providências internas no sentido de acolher o acadêmico para não haver prejuízos pedagógicos" e que está averiguando as ocorrências denunciadas. 

Leia a nota completa:

A UNIFACC-MT, União das Faculdades Católicas de Mato Grosso, a qual pertence a Faculdade Católica de Várzea Grande, vem a público compartilhar posição em relação ao caso do acadêmico, vítima de supostos crimes de homofobia e injúrias:

1 - a Instituição se ancora em princípios e valores humanos que defende a igualdade de direitos, da liberdade, da proteção à pessoa humana, pautadas na  Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, nos Artigos 1º e 2º, respectivamente, bem como em seus estatutos e demais legislações internas.

2 - a Instituição tem tomado as providências internas no sentido de acolher o acadêmico para não haver prejuízos pedagógicos, bem como procede com a averiguação das condições das ocorrências e se coloca à disposição das autoridades policiais e judiciais para apuração dos fatos.

3 - a Instituição se dispõe, quando procurada, a informar à imprensa e à sociedade os resultados do que for competente.

*Matéria atualizada em 26/06/2023 às 20h14 para inclusão do posicionamento da universidade

Edição: Rodrigo Durão Coelho