Explosão na Crimeia

Nova explosão na ponte da Crimeia deixa dois mortos; Rússia acusa Ucrânia de 'terrorismo'

É o segundo grande ataque à ponte da Crimeia desde o começo da guerra da Ucrânia

Rio de Janeiro |
Imagem de vídeo capturado e divulgado em 17 de julho de 2023 pelo Comitê Investigativo Russo mostra os investigadores trabalhando na ponte da Crimeia que foi fortemente danificada após um ataque. - Comitê Investigativo Russo / AFP

Uma explosão na ponte da Crimeia na madrugada desta segunda-feira (17) deixou duas pessoas mortas e destruiu um trecho da via que conecta a região russa de Krasnodar com a península anexada por Moscou. O tráfego na ponte foi suspenso. 

A Rússia acusa Kiev pelo ataque, apesar das autoridades ucranianas não reconheceram oficialmente a responsabilidade pela explosão. Um processo criminal investigativo foi aberto. De acordo com o Comitê Nacional Antiterrorismo russo, a ação violenta foi causada por dois drones de superfície. 

A explosão matou um casal da região russa de Belgorod. A filha deles, de 14 anos, ficou gravemente ferida e está hospitalizada.

Este é o segundo grande incidente na ponte que leva à península anexada desde o início da guerra. O episódio anterior aconteceu em outubro do ano passado. A construção representa um dos principais símbolos da anexação russa da península em 2014.

::Objetivo final da contraofensiva da Ucrânia é recuperar Crimeia, diz assessor de Zelensky::

A construção da ponte foi encomendada pelo presidente russo, Vladimir Putin, após a anexação da Crimeia, sendo inaugurada em maio de 2018. O custo da obra foi de 228,3 bilhões de rublos - 2,9 bilhões de euros na época. 

Além do fator simbólico, a ponte da Crimeia tem uma grande importância logística, pois ela é usada para abastecer o exército russo no sul da Ucrânia.

Kremlin acusa Kiev de 'terrorismo'

Ao se pronunciar sobre o incidente, o porta-voz do presidente da Rússia, Dmitry Peskov, disse que todos os serviços e departamentos relevantes do país estão prontos para novos ataques após a explosão na ponte da Criméia. 

"Todos os serviços relevantes, departamentos, todos estão trabalhando. Estamos cientes da impostura do regime de Kiev. Hoje, o regime de Kiev matou uma jovem família, os pais de uma menina, a menina foi ferida na ponte da Crimeia, e isso deve ser falado para que todos saibam que tudo isso é obra do regime de Kiev. E vamos todos trabalhar e manter o foco para evitar a repetição de tais tragédias", disse Peskov em coletiva de imprensa.

O porta-voz do Kremlin acrescentou que medidas de segurança adicionais estão sendo constantemente tomadas na Rússia. "Sabemos as razões e aqueles por trás desse ato terrorista. Isso exigirá mais compostura, medidas adicionais e trabalho adicional de todos nós", disse Peskov.

Após a explosão na ponte da Crimeia, o vice-chefe do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, por sua vez, disse que "os terroristas entendem apenas a linguagem da força, apenas métodos pessoais e completamente desumanos". Medvedev pediu a explosão das casas dos "terroristas" e "das casas de seus parentes".

Reação ucraniana

De acordo com publicações da mídia ucraniana, Ukrainska Pravda e RBK-Ucrânia, citando fontes do Serviço de Segurança da Ucrânia, o ataque à ponte teria sido uma operação especial da inteligência e das Forças Navais da Ucrânia. As fontes informaram que o ataque foi feito com o auxílio de drones de superfície. 

Já o conselheiro do chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, mencionou o fato de que a ponte foi construída pela Rússia no contexto da anexação da Crimeia e é utilizada por Moscou como logística de guerra. 

“Quaisquer construções ilegais usadas para entregar ferramentas russas de assassinato em massa têm vida curta. Independentemente das razões para a destruição", destacou.

O representante da Diretoria Principal de Inteligência da Ucrânia, Andriy Yusov, por sua vez, observou que, devido à destruição de um trecho da ponte, o exército russo na Ucrânia terá problemas com a logística.

“A península é usada pelos russos como um grande centro logístico para mover forças e ativos para o interior do território da Ucrânia. Claro, qualquer problema logístico é uma complicação adicional para os invasores”, disse Yusov. 

Edição: Patrícia de Matos