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Cúpula do Brics reforça a potência da multipolaridade, avalia pesquisadora

Encontro do bloco terminou nesta quinta-feira (24) aprovando o ingresso de mais seis países

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Presidentes Lula, Xi Jinping (China) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), 1º ministro Narendra Damodardas (Índia) e ministro de REs Sergey Lavrov (Rússia) na 15ª Cúpula do Brics - Ricardo Stuckert/PR

Os encaminhamentos da 15ª Cúpula do Brics – realizada de 22 a 24 de agosto em Joanesburgo, na África do Sul – consolida a nova distribuição de poder global. A avaliação é da pesquisadora Ana Tereza Marra, professora de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC). 

Em entrevista concedida para o programa Central do Brasil desta sexta-feira (25), Marra destacou o fato de a Cúpula ter reforçado o aspecto da multipolaridade. Como principal resultado do evento, os países-membros confirmaram a ampliação do bloco, com o ingresso de mais seis nações: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Etiópia.

"A Cúpula reforça a quantidade de países que queriam entrar no Brics. Ela reforça que o Brics é um grupo que tem chamado muita atenção e tem tido relevância pela possibilidade que ele traz de tentar encaminhar demandas dos países do Sul global. Essa Cúpula do Brics reforça a potência da multipolaridade, a capacidade de encaminhar demandas do sul global", considera. 

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Para ela, o bloco oferece as respostas adequadas para suprir as frustrações de diversos países do sul global com os organismos internacionais mais alinhados aos Estados Unidos e à União Europeia. 

"Esses países precisam de desenvolvimento, precisam se verem representados nas instituições internacionais de poder e eles não conseguem enxergar isso. Então, o Brics vem como essa alternativa", aponta. 

Sobre a incorporação de novos países, Ana observou que os membros mais recentes têm uma linha de convergência com os países originais do bloco, o que garante um diálogo mais produtivo sobre os projetos em comum.

Ela destacou que, apesar do caráter heterogêneo, o grupo pode conseguir unidade e conciliar interesses de países radicalmente antiocidentais, como o Irã, com aqueles mais abertos aos acordos, como Brasil e Índia. 

"A linha de convergência entre os países é a defesa da soberania e a não interferência nos assuntos internos, críticas ao FMI [Fundo Monetário Internacional] e a defesa de soluções internas, ou seja, a defesa de soluções africanas para problemas africanos, por exemplo", destacou. 

A pesquisadora também avaliou que está muito distante de se concretizar a histórica demanda do Brasil por assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), mas ponderou que houve uma evolução ao conseguir com que países como China e Rússia assinassem um compromisso em torno dessa possibilidade. 

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"É uma situação muito difícil. A pauta da reforma do Conselho de Segurança não está colocada. Não há discussões na ONU que dê indicativos de que essa pauta será levada adiante. O que se conseguiu agora foi a colocação na declaração do Brics de que se apoia a reforma da ONU, inclusive do Conselho de Segurança, e se apoia que Brasil, Índia e África do Sul tenham um papel mais relevante dentro da ONU", concluiu. 

A entrevista completa está disponível na edição desta sexta-feira (25) do Central do Brasil no canal do Brasil de Fato no YouTube.



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Mais sobre o Brics

Com a entrada de novos membros, Brics detém agora quase 37% do PIB global. Para Lula, agora o bloco pode negociar em condições de igualdade com grupos como o G7.

Já sobre a Guerra na Ucrânia, membros do bloco assumem posição neutra ou não alinhada em relação ao conflito no Leste Europeu.

Festival de curtas 

Produções indígenas são destaque do Festival Curta Kinoforum, que acontece em São Paulo até 3 de setembro.

O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e emissoras parceiras espalhadas pelo país. 

Edição: Rodrigo Chagas