DE OLHO EM 2024

Ricardo Nunes chama Bolsonaro de 'democrata', mas rejeita ideia de apadrinhamento político

Prefeito busca a reeleição e disse que espera receber o apoio do ex-presidente

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, evitou comentar os escândalos envolvendo o ex-presidente - Wilson Dias/Agência Brasil

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um ''democrata" e que espera contar com o apoio dele para disputar a reeleição em 2024. A declaração foi dada em entrevista a Folha de S.Paulo na quarta-feira (13) e publicada neste sábado (16). 

Por outro lado, ele evitou comentar as investigações que rondam o núcleo do ex-presidente e rejeitou a ideia de ter um "padrinho político" durante a campanha pela reeleição. 

Nunes está em segundo lugar na pesquisa de intenção de voto feita pelo Datafolha, com 24%,  atrás de Guilherme Boulos (PSOL), que tem 32%.

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Filiado atualmente ao MDB, Nunes elogiou a conduta do presidente e, quando questionado se ele era um democrata, afirmou que sim. 

"Se ele foi eleito deputado várias vezes, por que não seria? Pelo que vi dele, foi uma posição democrata. Não vejo nada que ele tenha feito contrário a isso. É um homem que foi pelo voto eleito deputado, se tornou presidente. Ou vocês vão querer negar o sistema democrático brasileiro. A gente pode gostar ou não, mas ele foi eleito", disse o prefeito

Apesar de elogiar o ex-presidente, Nunes negou a ele o título de provável padrinho de sua campanha pela reeleição em 2024. 

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"Eu quero apoio. Acho que está caminhando para que possa ter esse apoio. [Mas] padrinho, acho que nem a Marta Suplicy [é], nem o Bolsonaro. É um conjunto de pessoas que entendem que essa frente é importante contra o que a gente entende ser a extrema esquerda", explicou. 

Nunes evitou falar sobre as investigações que ameaçam o ex-presidente e optou por elogiar as contribuições de Bolsonaro para a cidade de São Paulo. 

"Você está falando de um tema que eu não tenho conhecimento no detalhe do que é a investigação. Agora, o que eu percebi do presidente Bolsonaro sempre foi um posicionamento de seriedade, de não ser uma pessoa envolvida com coisas erradas, de ser uma pessoa correta. Acho que é muito importante o apoio do presidente Bolsonaro, é fundamental. Tenho gratidão pelo que ele fez pela cidade. Ajudou muito na questão da negociação da dívida [do aeroporto Campo de Marte]. Mas o prefeito vou ser eu.

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Enquanto classifica Bolsonaro como "um democrata", Nunes atacou o principal adversário político na disputa de 2024, Guilherme Boulos.

"É uma pessoa que não dialoga com todos os setores. Eu nunca invadi nada de ninguém, nunca depredei nada de ninguém."

Denúncias contra a gestão 

A administração Nunes na cidade de São Paulo enfrenta uma série de acusações de corrupção. Nesta quinta-feira (14), o Brasil de Fato publicou a denúncia de que a construtora que pertence ao filho do compadre do prefeito firmou contratos emergenciais – sem licitação – com a Prefeitura no valor de R$ 31 milhões. 

Dois dias antes, o Intercept Brasil publicou uma matéria em que afirma que a ONG de um apadrinhado de Nunes levou um repasse de R$ 8 milhões da Prefeitura. 

No início de agosto, vereadores da cidade protocolaram dois pedidos de investigação da Prefeitura de São Paulo, no Tribunal de Contas do Município (TCM) e no Ministério Público Estadual (MPE), por conta do corte de recursos municipais para o combate à dengue. Mesmo em um ano com poucas chuvas, São Paulo registrou um aumento de mortes pela doença. 

Nunes também foi denunciado, nesta sexta-feira (15) por supostas irregularidades em contratos de publicidade no Tribunal de Contas do Município (TCM), no Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e no Ministério Público Eleitoral (MPE). De acordo com a denúncia, a Prefeitura de São Paulo teria fechado seis contratos, três com cada agência, referentes aos anos de 2021, 2022 e 2023, sem apresentar qualquer justificativa, contrato com as mídias ou mesmo sinalização sobre espaço ou horário de veiculação das propagandas.

Edição: Thalita Pires