NA MIRA DA JUSTIÇA

Juiz diz que Trump cometeu fraude imobiliária e suspende licenças comerciais

Decisão é parte de julgamento, ainda não concluído, sobre acusação de inflar valor de ativos para obter mais crédito

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Trabalhadores da indústria automotiva perderam empregos durante a gestão Trump, informa outdoor em Detroit, onde o ex-presidente estará hoje para um encontro com funcionários do setor - Scott Legato / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

Donald Trump, seus filhos mais velhos e seu conglomerado empresarial foram considerados responsáveis por orquestrar uma “fraude persistente e repetida”, que inflou enormemente o valor de propriedades em Manhattan e na Flórida, bem como campos de golfe nos Estados Unidos e na Escócia, segundo um juiz do estado de Nova York.

A sentença, emitida na terça-feira (26) pelo juiz Arthur Engoron, suspendeu as licenças comerciais da Organização Trump em Nova York e determinou que danos adicionais serão avaliados posteriormente no julgamento do caso, assim como a questão sobre os réus serem ou não responsáveis por emitir demonstrações financeiras falsas e fraudes de seguros.

Em uma declaração divulgada em sua plataforma Truth Social, Trump afirmou que a decisão é um “terrível lembrete de que os democratas radicais da esquerda não vão parar por nada” para impedi-lo de vencer as eleições novamente — o ex-presidente já está praticamente em campanha contra o atual mandatário, Joe Biden, ainda que as candidaturas republicana e democrata não tenham sido oficializadas.

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Christopher Kise, advogado de Trump, chamou a decisão de “escandalosa” e “totalmente desconectada dos fatos e da lei vigente”. Acrescentou que a decisão “busca nacionalizar um dos impérios corporativos mais bem-sucedidos dos Estados Unidos e apoderar-se de propriedades privadas, reconhecendo ao mesmo tempo que não há evidências de qualquer inadimplência, violação, pagamento atrasado ou qualquer queixa de prejuízo”.

O processo, originalmente apresentado em 2022 pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, alega que Trump e suas empresas inflaram o valor de ativos em mais de US$ 2 bilhões para obter centenas de milhões de dólares em empréstimos em termos favoráveis. A procuradora busca recuperar US$ 250 milhões em danos e tenta impedir que os réus atuem novamente em diretorias.

A decisão é um golpe para o império empresarial de Trump e se soma às inúmeras questões jurídicas que ele enfrenta — quatro acusações criminais separadas relacionadas a questões como a retenção de documentos confidenciais e a tentativa de subverter o resultado das eleições de 2020, em que foi derrotado por Biden. Ele se declarou inocente de todas.

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Os advogados dos Trump, incluindo Kise, ex-procurador-geral da Flórida, também foram multados em US$ 7.500 cada pelo tribunal. O juiz também rejeitou os argumentos de que os bancos em questão, incluindo o Deutsche Bank, não foram fraudados, uma vez que os empréstimos foram pagos na íntegra.

Nas mídias sociais, Trump afirmou que nenhum dano foi causado aos “sofisticados bancos de Wall Street” de onde ele pegou dinheiro emprestado. Mas o juiz Engoron disse que “o primeiro princípio da contabilidade de empréstimos é que, à medida que o risco aumenta, também aumentam as taxas de juros” e que os credores poderiam ter ganhado “ainda mais dinheiro” se o valor real do colateral de Trump tivesse sido declarado.

 

Com informações do Financial Times.

Edição: Patrícia de Matos