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Líder da direta é derrotado no Congresso e formação do governo da Espanha segue indefinida

Feijóo, do PP, recebeu quatro votos a menos que o necessário, após falhar na tentativa de atrair deputados bascos

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Feijóo deixa o Congresso após a derrota. Na sexta, ele terá nova oportunidade de formar maioria - Javier Soriano / AFP

O Congresso da Espanha derrubou nesta quarta-feira (27) a 'investidura' de Alberto Núñez Feijóo como primeiro-ministro, ou seja, sua tentativa de formar um novo governo. O candidato do PP (Partido Popular, de direita) só conseguiu reunir 172 dos 176 votos necessários para a maioria absoluta, depois de contar com o apoio dos deputados da sua bancada (137), do Vox, de extrema direita (33) e dos nanicos Coligação Canária (1) e União do Povo Navarro (1).

Dessa forma, haverá uma nova sessão na sexta-feira, mas é esperado que Feijóo volte a falhar.

Do outro lado, 178 deputados votaram contra, todos representando setores de esquerda ou partidos regionalistas. Entre os regionalistas, mesmo bancadas que são de direita, caso do Junts, da Catalunha, votaram contra. Suas iniciativas separatistas são um foco de divergência forte com o PP, que em 2017 não reconheceu o resultado de um referendo que aprovou a independência da Catalunha — na época, o partido governava o país, pelas mãos de Mariano Rajoy (2011-2018).

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Em agosto, o PP cogitou moderar seu discurso com relação ao independentismo. Mas a aliança com o Vox tornou impossível negociar com esses setores, por causa do discurso violento da legenda de extrema direita contra todas as legendas regionalistas, de esquerda ou de direita.

Feijóo, que entrou na Câmara sabendo que teria dificuldade para conquistar seu objetivo, uma vez que não tinha maioria, viu suas esperanças se esvaírem quando se confirmou o choque de posições com os partidos nacionalistas do País Basco, que se recusaram a aprovar um programa de governo apoiado pelo Vox.

“Para conseguir nossos votos, assim como do Junts, seria preciso abrir mão dos 33 votos do Vox”, disse Aitor Esteban, porta-voz da bancada basca — o PNV (Partido Nacionalista Basco) conta com seis votos.

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O PP investiu muito esforço no último mês para atrair o PNV. Porém, o debate na sessão de 'investidura' aumentou ainda mais a distância entre os partidos. “Você não renunciou a uma maioria, porque nunca a teve”, discursou Esteban, que completou com uma metáfora sobre a extrema direita. “Existe uma baleia na piscina”.

Conformado com a certeza de que não conseguiria formar governo, e antes mesmo da votação, Feijóo declarou: “É um orgulho que não me apoiem”. Após a votação, disse: “Teremos que seguir trabalhando pelo nosso país”.

A porta-voz do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Patxi López, afirmou que Feijóo saiu da votação “do mesmo jeito que entrou, como líder da oposição”.

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Plano B

O PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho e o rei da Espanha, Felipe VI, indicou Feijóo como candidato a primeiro-ministro. Caso se confirme nova votação contra ele, o rei terá de encontrar uma solução, que poderia ser a continuidade do atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, um caminho que poderia exigir uma série de concessões aos independentistas bascos e catalães, como a concessão de anistia aos representantes da Catalunha procurados pela Justiça espanhola.

Edição: Vivian Virissimo