Oriente Médio

Putin: conflito entre Israel e Palestina é 'claro exemplo de fracasso da política dos EUA no Oriente Médio'

Presidente russo diz que os EUA 'sempre ignoraram os interesses fundamentais do povo palestino'

São Paulo |
Presidente russo, Vladimir Putin, comenta pela primeira vez a escalada do conflito entre Israel e Palestina. - Ramil Sitdikov / Sputnik /AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, se manifestou pela primeira vez sobre o conflito entre Israel e Palestina, que teve uma escalada sem precedentes no último sábado (7). O líder russo afirmou nesta terça-feira (10) que o agravamento da crise entre Israel e Palestina é um "exemplo do fracasso da política dos EUA no Oriente Médio". 

"Infelizmente, vemos uma acentuada deterioração da situação no Oriente Médio. Penso que muitos concordarão comigo que este é um exemplo claro do fracasso da política dos EUA no Oriente Médio", destacou Vladimir Putin, citado pela agência estatal russa Ria Novosti, durante uma reunião no Kremlin com o primeiro-ministro iraquiano, Mohammed al-Sudani. 

O presidente russo destacou que os Estados Unidos fizeram tentativas de monopolizar os mecanismos de resolução do conflito na região, mas não se preocuparam em encontrar compromissos para os dois lados. 

Segundo o presidente russo, o governo norte-americano promoveu as suas próprias ideias pressionando os dois lados, e, ao exercer esta pressão, os EUA "ignoraram sempre os interesses fundamentais do povo palestino, a necessidade de implementar as decisões do Conselho de Segurança da ONU sobre a criação de um Estado palestino soberano".

Putin ressaltou também que a posição da Rússia, tal como a do Iraque, é a necessidade de minimizar os danos à população civil e reduzi-los a zero. 

:: Mais de 120 mil palestinos deixaram suas casas em Gaza desde sábado; ofensiva israelense deve aumentar ::

Já o chanceler russo, Serguei Lavrov, também levantou suspeitas sobre a posição do Ocidente em relação ao conflito no Oriente Médio. Segundo o ministro, Moscou espera que o Ocidente também peça a cessação das hostilidades no conflito palestino-israelense, "embora sua posição levante questões". 

"Ouvimos declarações relevantes dos nossos colegas ocidentais que condenam o ataque contra Israel. Esperamos que também apelem ao fim das hostilidades. Mas a sua posição levanta sérias questões, porque dizem que, para parar imediatamente, Israel deve vencer, destruir os terroristas, ponto final", observou Lavrov, após negociações com o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abu al-Ghaith, em Moscou.

Logo após o ataque realizado pelo grupo Hamas em 7 de outubro, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia apelou a ambos os lados do conflito para estabelecer um cessar-fogo. "A Rússia apela a Israel e à Palestina para cessarem fogo e regressarem à mesa de negociações; a atual escalada é uma recaída muito perigosa de um conflito de longa duração", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov.

De acordo com informações da ONU, o número de mortes de israelenses como resultado do ataque do Hamas chegou a 900 pessoas. Já a contraofensiva israelense causou a morte de mais 788 pessoas na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde palestino. Após o ataque do Hamas, Israel anunciou um "cerco total" aos palestinos . "Nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás. Tudo bloqueado", disse o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant. "Estamos lutando contra animais humanos e agindo de acordo", complementou o primeiro-ministro da extrema direita, Benjamin Netanyahu. 

Edição: Leandro Melito