Crimes de guerra

Israel indica invasão ao norte de Gaza e dá 24h para que civis evacuem; ONU fala em 'consequências devastadoras'

Netanyahu anunciou ataque por terra no norte; Hamas chamou de "propaganda falsa" e orientou que se mantenham em casa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Membros do Exército de Israel na região da Cisjordânia, que pertence aos palestinos - Ahmad Gharabli/AFP

O Exército de Israel informou à Organização das Nações Unidas (ONU) que todos os palestinos da região norte da Faixa de Gaza devem se deslocar para o sul nas próximas 24 horas, indicando que irá invadir o local. 

Em comunicado, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, disse que a invasão onde moram cerca de 1,1 milhão de palestinos teria “consequências humanitárias devastadoras”. "A ONU apela veementemente para que qualquer ordem desse tipo, se confirmada, seja revogada, evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia em uma situação calamitosa”, disse Dujarric.

Segundo a agência de notícias Al Jazeera, o Hamas, grupo palestino radical que dirige a Faixa de Gaza, afirmou que o aviso de evacuação do exército israelense era “propaganda falsa”. O grupo pediu para que os palestinos que moram no norte de Gaza “permaneçam firmes em suas casas e permaneçam firmes diante desta repugnante guerra psicológica travada pela ocupação” israelense.

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Na tarde desta quinta-feira (12), o Exército israelense afirmou que 300 mil soldados estão na fronteira com o norte de Gaza prontos para invadir o território. "Estaremos prontos caso o governo democrático de Israel decida por essa ação", disse o major Roni Kaplan, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (12). 

Desde que Israel passou a atacar a Faixa de Gaza, após uma ofensiva do grupo palestino Hamas, no último sábado (7), cerca de 2.700 ataques já foram feitos em Gaza, segundo Kaplan. O governo da extrema direita de Benjamin Netanyahu em Israel alega que os alvos são os membros do Hamas, que já mataram cerca de mil israelenses. Organizações de direitos humanos, entretanto, afirmam que Israel vem atacando sistematicamente escolas, hospitais e abrigos para refugiados. 

Segundo a diretora de comunicações da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) palestinos, Juliette Touma, nove funcionários da agência foram mortos desde o início do ataque israelense contra a Faixa de Gaza.   

“A proteção dos civis é fundamental, inclusive em tempos de conflito [...]. Eles deveriam ser protegidos de acordo com as leis da guerra”, disse Touma, em entrevista à Associated Press. No momento dos ataques, os profissionais da ONU mortos estavam em suas respectivas casas, espalhadas por todo o território de Gaza.  

A diretora também afirmou que 18 escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) foram destruídas durante os bombardeios israelenses.  

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Na quarta-feira (11), a Comissão de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado, da ONU, informou que existem “claras evidências” de que o governo da extrema direita de Benjamin Netanyahu está cometendo crimes de guerra. 

A comitiva declarou que está "seriamente preocupada com o mais recente ataque de Israel a Gaza" e com o “cerco total" a Gaza, que envolve bloqueio a água, alimentos, eletricidade, combustível e medicamentos. Para a ONU, “sem dúvida, custará vidas civis e constituirá um castigo coletivo".  

"A Comissão insta as forças de segurança israelitas e os grupos armados palestinianos a respeitarem estritamente o direito internacional humanitário e o direito internacional dos direitos humanos", diz a Nações Unidas, na nota. 

Edição: Rodrigo Chagas