ELEIÇÃO NA ARGENTINA

Peronismo terá maior bancada legislativa, mas ultraliberais ganham espaço e deixam Congresso mais fragmentado

Vitória mais significativa da coalizão de Sergio Massa foi no Senado, onde faltaram duas cadeiras para a maioria

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Sergio Massa discursa após divulgação dos resultados: se for eleito presidente, ele contará com as maiores bancadas na Câmara e no Senado - Emiliano Lasalvia / AFP

A disputa pela presidência da Argentina será decidida no segundo turno, dia 19 de novembro. Mas uma coisa já é certa: quem vencer terá de negociar no Congresso para aprovar seus projetos.

Neste domingo (23), juntamente com o primeiro turno presidencial e para alguns governos provinciais, foi realizada a eleição de deputados e senadores. O resumo do resultado é que nenhum presidente terá maioria legislativa. O peronismo (do candidato Sergio Massa) será a minoria mais numerosa nas duas Casas, portanto a força política com mais peso relativo. Mas os ultraliberais (do adversário Javier Milei) ganharam espaço e deixaram o cenário parlamentar mais fragmentado.

Na Câmara, que renovou metade de sua composição, o União pela Pátria (coalizão peronista com a qual Massa obteve o primeiro lugar), terá 107 cadeiras, ante 94 do Juntos pela Mudança (aliança de direita de Patricia Bullrich, que ficou fora do segundo turno) e 38 do A Liberdade Avança, de Milei.

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Os peronistas atualmente contam com 118, portanto perderam espaço. Mesmo assim, mantiveram a maior bancada, o que deve dar a Massa, se eleito presidente, força para negociar e fazer acordos com os blocos provinciais, a esquerda e a direita. O Juntos pela Mudança, que tinha 116 cadeiras e praticamente dividia a Câmara com o União pela Pátria, foi quem perdeu mais, pois agora terá 94. E o partido de Milei, que não existia há dois anos e atualmente conta com apenas três deputados (o próprio Milei e mais dois), passa a ser a terceira maior força, com 38 deputados.

As coalizões dos outros dois candidatos à presidência, os esquerdistas Myriam Bregman e Juan Schiaretti, manterão as quatro cadeiras que já possuíam cada uma.

Senado

No Senado, os peronistas, que haviam perdido a primeira minoria após a ruptura da coalizão governista no início do ano, recuperaram a posição: de 31 senadores, agora serão 35, ou seja, ficaram a apenas duas cadeiras de ter maioria — são 72 cadeiras ao todo. O Juntos pela Mudança caiu de 33 para 24, sendo a bancada que mais sofreu com o resultado da eleição, num reflexo da derrota sofrida por Patricia Bullrich, tendo perdido em províncias historicamente favoráveis, como Jujuy. E a extrema direita terá seu primeiro bloco, formado por oito senadores.

O sucesso de Javier Milei em muitas províncias historicamente peronistas, como San Juan e San Luis, e em redutos da direita como Jujuy, rompeu com uma antiga polarização e deu lugar a uma terceira força que precisará ser levada em conta para a formação de alianças e a conquista da maioria.

 

Com informações do Página 12.

Edição: Leandro Melito