CENTRAL DO BRASIL

Eleições argentinas: militância de Milei segue Trump e Bolsonaro e questiona resultado das urnas

Candidato aposta no discurso de combate ao sistema político, com propostas polêmicas, como a dolarização da economia

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Com campanha agressiva, Milei agora mira eleitorado mais conservador e tradicional - Foto: (Amilcar Orfali/Getty Images)

A campanha para o segundo turno das eleição argentina começou com os partidários do radical de extrema direita Javier Milei, do Liberdade Avança, questionando o resultado do primeiro turno. Milei era o favorito para ficar em primeiro lugar na votação, mas teve 30%, enquanto o peronista Sergio Massa, do União pela Pátria, conquistou 36% dos votos. Patrícia Bullrich, do Juntos pela Mudança, teve 23%.

A leitura da campanha do presidenciável foi feita pela pesquisadora Luiza Foltran, do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo, durante o Central do Brasil desta segunda-feira (30).

Foltran analisou o clima nas ruas neste início de segundo turno e quais tem sido as estratégias dos dois candidatos. "O clima é bem disputado. A eleição está bem disputada e a militância dos dois lados está bastante engajada." 

De acordo com a pesquisadora, a militância de Milei está usando aplicativos de mensagem para questionar a lisura do pleito. "A campanha do Milei, que vinha com muito entusiasmo, entra um pouco derrotada, inclusive questionando o resultado das eleições. Monitoramos os grupos de Telegram, o discurso que vem sendo replicado. Como aconteceu no Brasil a entrada no segundo turno é em um tom de fraude, de crítica ao sistema eleitoral argentino", explicou.

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Ela descreve que Milei apostou no discurso radical no primeiro turno e agora precisa achar o tom para alcançar o eleitorado da direita mais convencional na Argentina. 

"Acho que o fato novo nestas eleições é o Milei, com um discurso anticasta e antipolítica, com ideias bem radicais. É muito impressionante. É um discurso de muita radicalidade. Milei começa o comício com imagens de explosões, com a defesa de "que se bajan todos" [Que saiam todos, em português], com uma militância jovem muito empolgada com essa proposta de acabar com o sistema político", analisou. 

"Apesar de já ter demonstrado o seu apoio imediatamente no dia seguinte para ele [Milei], ela [Bullrich] representa um setor mais conservador e tradicional e tem na sua base um eleitorado mais velho. O Milei tem o desafio de não só ganhar o voto da Bullrich, que é antiperonista e antissistema, mas também ganhar o voto da Bullrich do conservadorismo tradicional", concluiu. 

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Já Sérgio Massa, que também é o atual ministro da Economia, tem explorado na campanha os temas sociais e importância dos subsídios do Estado em diversos setores.

"Tem uma série de temas de direitos sociais, como cultura, transporte e educação, que são apelo até para quem é antiperonista. As pessoas ficam também preocupadas com uma aventura que possa acabar com o que já tem consolidado e levar a Argentina para um rumo pior", explicou. 

A entrevista completa está disponível na edição desta segunda-feira (30) do Central do Brasil no canal do Brasil de Fato no YouTube



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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras. 

 

Edição: Thalita Pires