CARNE CLANDESTINA

Maioria dos frigoríficos e varejistas na Amazônia não controla cadeia pecuária, revela estudo

Radar Verde diz que falta de transparência no comércio de carne contribui para desmatamento e aquecimento global

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O levantamento foi realizado em 2023 e avaliou dados públicos de 132 frigoríficos com operação na Amazônia - Fernando Martinho/Repórter Brasil)

Um estudo publicado nesta quarta-feira (8) concluiu que 95% dos principais varejistas do Brasil e 92% dos frigoríficos situados na região amazônica apresentam um controle considerado muito baixo sobre a cadeia pecuária.

A pesquisa foi divulgada pelo Radar Verde, um indicador da cadeia de carne bovina criado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e pelo Instituto O Mundo Que Queremos (IOMQQ).

O levantamento foi realizado em 2023 e avaliou dados públicos de 132 frigoríficos com operação na Amazônia e 69 varejistas que são potenciais compradores de carne bovina da região.

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Segundo a classificação do Radar Verde, apenas o frigorífico Marfrig e o varejista Grupo Pão de Açúcar (GPA) demonstraram ter um controle intermediário da cadeia.

A falta de rastreabilidade na cadeia de produção da carne bovina é apontada por especialistas como um dos principais motores do desmatamento ilegal na Amazônia. Sem comprovação da origem legal do produto, grandes frigoríficos compram de fazendas clandestinas sobrepostas a terras indígenas e unidades de conservação.

Esse é o caso da terra indígena Apyterewa, no Pará, onde o governo federal conduz a segunda maior operação de expulsão de invasores, atrás apenas da terra indígena Yanomani, para expulsar pecuaristas ilegais, garimpeiros e madeireiros. 

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“O desmatamento é uma ameaça sistêmica à economia brasileira, pois diminui as chuvas, que são essenciais para o agronegócio, para a geração de energia, o abastecimento industrial e dos lares. A pecuária bovina é a principal atividade responsável pelo desmatamento na Amazônia Legal, ocupando cerca de 90% da área desmatada, sendo que mais de 90% do desmatamento é ilegal”, afirma Paulo Barreto, coordenador do Radar Verde e pesquisador associado do Imazon.

Entenda a pesquisa 

No estudo, o Radar Verde usou três indicadores: Grau de Transparência Pública, Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento e Grau de Controle da cadeia.

O Grau de Transparência Pública indica se as informações nos sites das empresas revelam que elas têm uma política de controle do desmatamento, e se a eficácia dessa política é comprovada por meio de auditorias independentes.

Dos 69 varejistas avaliados pelo Radar Verde, apenas 47 (68%) puderam ter seu Grau de Transparência Pública avaliado. Os demais 22 (32%) não possuíam informações públicas disponíveis ou o site estava em manutenção.

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Entre aqueles que tiveram o melhor desempenho neste quesito estão os varejistas GPA, Assaí, Carrefour e Cencosud Brasil. "Essas empresas foram as únicas que demonstraram controle das fazendas fornecedoras diretas, as que entregam os bois para as plantas de abate", diz o Radar Verde.

Na avaliação geral, 95,65% das empresas obtiveram classificação com grau de controle muito baixo (vermelho); 2,89% obtiveram grau de controle baixo (laranja); e 1,44% obteve classificação com grau de controle intermediário (amarelo).

Edição: Rodrigo Durão Coelho