Solidariedade

Colômbia: trabalhadores pedem suspensão de exportações de carvão a Israel por ataques a Gaza

Produto é líder de vendas aos israelenses e rendeu à Colômbia US$ 1 bi em 2022; sindicatos de vários países fazem apelos

Caracas (Venezuela) |
Hostilidades começaram no dia 7 de outubro e já deixaram mais de 11 mil mortos - Jack Guez/AFP

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Carvão da Colômbia (Sintracarbón) propôs ao governo do presidente Gustavo Petro interromper todas as exportações de carvão e qualquer outro mineral a Israel em represália aos ataques à Faixa de Gaza, que começaram em outubro e já deixaram mais de 11 mil pessoas mortas.

Em comunicado publicado no início do mês de novembro, o Sintracarbón rechaçou "qualquer ação que fira civis, ainda mais crianças, idosos e mulheres que estão sendo massacrados pela resposta do governo israelense à infame e covarde ação de um grupo que não representa a totalidade do povo palestino".

A entidade ainda elogiou a postura do mandatário colombiano de criticar as hostilidades no Oriente Médio e pediu que Petro "suspenda os envios de carvão colombiano e de qualquer metal ou minera a Israel como medida de pressão para que se produza um cessar-fogo imediato".

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"Convocamos o movimento sindical mundial, especialmente os sindicatos do setor mineiro e energético, para que paremos a produção de metais, minerais e combustíveis que são utilizados nestas guerras", afirmou o sindicato.

Atualmente, o carvão mineral é o produto mais vendido da Colômbia para Israel e as exportações minerais energéticas representam a maior parte do envios. Em 2022, o país sul-americano exportou mais de 1 bilhão de dólares a Israel, cifra recorde dos últimos 10 anos que foi puxada em quase sua totalidade pelas vendas de carvão mineral.

As exportações no setor aumentaram ainda mais a partir de 2020, quando entrou em vigor um tratado de livre comércio assinado pelo ex-presidente Juan Manuel Santos com o governo israelense em 2015, que retirou impostos e taxas das exportações colombianas.

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Petro, por sua vez, ainda não comentou a proposta do sindicato nem deu sinais de que poderia adotar tal medida. Apesar disso, o presidente tem sido duro em sua condenação aos ataques israelenses à Faixa de Gaza e já ameaçou romper relações com Israel.

A Colômbia e o Chile foram países da América do Sul que convocaram seus embaixadores em Israel para consultas, ato de desagravo no meio diplomático. Já a Bolívia decidiu romper relações com Israel por considerar a ação do país contra Gaza "agressiva e desproporcional".

Sindicatos pelo mundo se pronunciam

A manifestação do Sintracarbón colombiano veio em conjunto com diversas ações tomadas por outras categorias ao redor do mundo. Na Espanha, o sindicato dos estivadores de Barcelona afirmou que não participará de envios de material bélico que saiam dos portos da cidade em direção a Israel.

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Na Bélgica, quatro sindicatos do setor dos transportes chegaram a pedir que seus filiados não participem de operações que envolvam carregamento e envio de armas ao território israelense.

Manifestações de solidariedade ao povo palestino e apelos a um cessar-fogo também foram feitos por outras entidades sindicais pelo mundo, como o Conselho de Sindicatos da Índia, o Sindicato da Indústria Automobilística dos EUA (UAW) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Brasil.

Edição: Leandro Melito