Diplomacia

Bolívia rompe relações diplomáticas com Israel: 'Ofensiva desproporcional em Gaza'

'Exigimos o fim dos ataques a Gaza que provocaram, até agora, milhares de vítimas fatais', disse ministra boliviana

Caracas (Venezuela) |
Ministra da Presidência boliviana e vice-chanceler anunciaram rompimento diplomático com Israel - Cancillería Bolivia

A Bolívia rompeu nesta terça-feira (31) relações diplomáticas com Israel por considerar que a ofensiva militar iniciada pelo país contra a Faixa de Gaza no dia 7 de outubro é "agressiva e desproporcional".

O anúncio foi feito pela ministra da Presidência boliviana, María Nela Prada, e pelo vice-chanceler do país, Freddy Mamani, que destacaram o "repúdio e a condenação" por parte do governo boliviano às ações israelenses que "ameaçam a paz e a segurança internacional".

"Nos marcos de sua posição de respeito à vida, enviamos este comunicado oficial ao Estado de Israel, por meio do qual manifestamos a nossa decisão, como Estado Plurinacional da Bolívia, de romper relações diplomáticas com Israel", disse Prada.

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A ministra ainda afirmou que o governo boliviano "exige o fim dos ataques à Gaza que provocaram, até agora, milhares de vítimas fatais e a migração forçada de palestinos, assim como o fim do bloqueio que impede a entrada de alimentos, água e outros elementos essenciais à vida". Ainda segundo Nela Prada, o país enviará "ajuda humanitária aos afetados na Faixa de Gaza e será viabilizada através do Ministério da Defesa".

Segundo informações do Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 8.306 pessoas morreram em decorrência dos ataques israelenses contra a região, entre as quais 3,5 mil das vítimas eram crianças.

O anúncio veio um dia depois do presidente boliviano, Luis Arce, se reunir com o embaixador palestino no país, Mahmoud Elalwani, e manifestar apoio à causa palestina. "Não podemos nos calar e seguir permitindo o sofrimento do povo palestino, sobretudo de crianças, que têm direito a viver. Rechaçamos os crimes de guerra de se cometem em Gaza", afirmou o mandatário.

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Com a decisão, a Bolívia se torna o país sul-americana a adotar a postura mais incisiva de condenação a Israel desde o início das hostilidades recentes. Anteriormente, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já havia ameaçado romper relações com o Estado israelense, mas não concretizou a proposta.

Além de Arce e Petro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, também vem adotando uma postura crítica e abertamente de confrontação com Israel. Caracas rompeu relações com o país em 2009, durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez.

Já o Brasil vem adotando uma postura mais cautelosa frente à ofensiva, evitando atritos diretos com Israel e aliados para alcançar um cessar-fogo - pos. A estratégia, no entanto, ainda não rendeu frutos: o país é presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU e terá seu mandato encerrado nesta terça-feira sem conseguir construir uma trégua.

Edição: Rodrigo Durão Coelho