Putin no G20

Putin: Ocidente reage de forma diferente à guerra na Ucrânia e ação militar israelense em Gaza

Em reunião virtual dos líderes do G20, Putin disse que Moscou nunca fechou portas portas para negociações com Kiev

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Presidente russo, Vladimir Putin, participa da XV Cúpula do Brics, na África do Sul, por vídeoconferência - Kremlin.ru

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou da cúpula do G20 nesta terça-feira (22), que foi realizada virtualmente e teve o conflito no Oriente Médio como principal tema. Em sua participação, o líder russo traçou um paralelo entre o ataque que Israel realiza contra Gaza e a guerra na Ucrânia, acusando o Ocidente de aplicar uma política de "padrões duplos". 

"Alguns colegas disseram que ficaram chocados com a agressão contínua da Rússia na Ucrânia. Sim, claro, as ações militares são sempre uma tragédia para pessoas específicas, famílias específicas e para o país como um todo. E, claro, devemos pensar em como parar com esta tragédia", disse Putin. 

De acordo com o presidente russo, Moscou "nunca recusou negociações com Kiev". "Não foi a Rússia, mas a Ucrânia que anunciou publicamente a sua retirada do processo de negociação. E, além disso, foi assinado um decreto, um decreto do chefe de Estado, proibindo tais negociações com a Rússia", enfatizou Putin.

Ao comparar a situação na Ucrânia com os acontecimentos em Gaza, o presidente russo lembrou da crise ucraniana de 2014 como algo ignorado pelos países ocidentais.

"E o golpe sangrento na Ucrânia em 2014, seguido pela guerra do regime de Kiev contra o seu povo em Donbass? Isto não é chocante? E o extermínio da população civil na Palestina, na Faixa de Gaza, não é chocante hoje?", afirmou. 

Rússia elogia acordo entre Israel e Hamas

Anteriormente, a representante oficial do Ministérios das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou nesta quarta-feira (22) que os acordos alcançados entre entre o Hamas e Israel são importantes, e espera que eles sejam respeitados por ambos os lados. 

De acordo com a porta-voz, Moscou está pronta para contribuir para a implementação da trégua.

"Esperamos que o acordo mencionado seja rigorosamente observado por todas as partes, contribua para o desenvolvimento de contatos relevantes no interesse da resolução de questões humanitárias prementes e se torne um passo importante para um arrefecimento geral da situação", disse Zakharova em um briefing.

O governo israelense aprovou um acordo com o Hamas sobre um cessar-fogo de quatro dias e a troca de 50 reféns capturados pelo grupo palestino em 7 de outubro por 150 prisioneiros palestinos em prisões israelenses. Os acordos alcançados foram posteriormente confirmados pelo Hamas.

"Isto é exatamente o que a Rússia tem apelado desde o início da escalada do conflito. Notamos os esforços especiais do Qatar visando a implementação prática do apelo da comunidade mundial para o arrefecimento", acrescentou Maria Zakharova. 

Os reféns serão libertados em grupos. Israel também concordou em expandir o fornecimento de ajuda humanitária e combustível a Gaza. Em Israel, presume-se que o acordo poderá ser prorrogado se as partes concordarem em ampliar a troca de reféns e prisioneiros.

Edição: Rodrigo Durão Coelho