Oriente Médio

CIA e Mossad discutem extensão da trégua em Gaza; 30 palestinas e 12 israelenses são libertadas

O diretor da CIA, William J. Burns chegou ao Catar nesta terça-feira (9) em busca de ampliar a libertação de reféns

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Presidente dos EUA Joe Biden e o diretor da CIA William J. Burns na Casa Branca em outubro de 2023 - Brendan Smialowski / AFP

Os chefes das agências de inteligência, dos EUA e de Israel, CIA e Mossad, chegaram a Doha para conversar com autoridades do Catar com o objetivo de estender o acordo de trégua no conflito entre Israel e Hamas. 

O diretor da CIA, William J. Burns chegou ao Catar nesta terça-feira (28) para um encontro com o chefe do serviço de inteligência da Mossad.

Segundo informações do jornal The Washington Post, Burns pressiona para que o Hamas e Israel aumentem o foco das suas negociações sobre reféns, até agora limitadas a mulheres e crianças, para abranger também a libertação de homens e militares.Ele também busca uma pausa mais longa de vários dias nos combates, ao mesmo tempo em que leva em conta a exigência israelense de que o Hamas liberte pelo menos 10 pessoas por cada dia que haja uma pausa na guerra.

Um acordo inicial estabeleceu quatro dias de pausa nos combates na Faixa de Gaza e foi estendido por mais dois dias, até quarta-feira (29), segundo anúncio realizado pelas autoridades do Catar na segunda (28). Nesta terça-feira, quinto dia de trégua, foram libertadas 12 reféns israelenses e 30 prisioneiras palestinas. Ao todo, foram libertadas até o momento 63 reféns israelenses e 180 prisioneiras palestinas.

Diplomata veterano e ex-embaixador dos EUA em Moscou, Burns tornou-se o principal negociador dos EUA na crise dos reféns, valorizado pelo presidente Joe Biden por seus contatos em todo o Oriente Médio e, em particular, dentro da Mossad.

Hamas diz que ajuda humanitária não está chegando ao norte de Gaza

Ghazi Hamad, membro do gabinete político do Hamas, disse à rede Al Jazeera, que os direitos do povo palestino deveriam estar “em cima da mesa” durante as discussões diplomáticas relacionadas com Gaza e disse que grande parte da ajuda humanitária prometida ainda não chegou ao norte de Gaza.

“Deve haver garantias adicionais de que a trégua será cumprida”, disse ele antes de acrescentar que o Hamas está totalmente preparado para concluir um acordo abrangente se Israel tiver “sérias intenções” de libertar todos os prisioneiros palestinos.

Contexto

O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos. 

A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região. 

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Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos – apoiada pelos EUA –  foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se  reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense.

O acordo encontrou oposição de setores em Israel – que chegaram a matar o então premiê do país – e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região. 

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1,4 mil, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de "massacre" e "genocídio" por vários organismos internacionais.

*Com informações de The Washington Post e Al Jazeera

Edição: Leandro Melito