Gaza sitiada

'EUA são responsáveis por sangue em Gaza': veja repercussão de veto sobre cessar-fogo

Mahmoud Abbas, políticos e governantes mundiais expressaram indignação diante de voto negativo dos EUA

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Mulher palestina tem sua casa destruída em bombardeio israelense - m.z.gaza

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse neste sábado (9) que considera os Estados Unidos "responsáveis pelo derramamento de sangue" em Gaza após Washington, mais uma vez, ser o único membro permanente do Conselho de Segurança da ONU a vetar uma resolução que pedia um cessar-fogo das ofensivas israelenses em território palestino. 

Por meio de um comunicado divulgado pelo seu gabinete, Abbas considerou a posição norte-americana desta sexta-feira (8) como "agressiva e imoral", além de uma "violação flagrante de todos os princípios e valores humanitários", atribuindo responsabilidade do país pela morte de crianças, mulheres e idosos palestinos em Gaza. 

Nesta última votação, os EUA consideraram o documento que poderia por fim à guerra como "desequilibrado" e "desconexo da realidade". 

Desde o início do conflito, em 7 de outubro, o Conselho de Segurança (CSNU) reuniu-se diversas vezes para avaliar resoluções de paz para Israel e Palestina, no entanto, devido aos poderes de veto dos países permanentes, nenhum foi aprovado até o momento, trazendo críticas sobre a "paralisia" do CSNU, incapaz de gerar uma solução em conjunto.

Veja as reações de líderes mundiais sobre o veto norte-americano:

O ministro da Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, considerou que apesar da "coragem e esforço" do secretário-Geral da ONU em convocar uma reunião para cessar-fogo em Gaza, o conflito continua a colecionar "sucessivos fracassos diplomáticos", explicado pelo "amplo apoio da Casa Branca ao regime sionista". 

Na manhã desta sexta-feira, poucas horas antes da votação do CSNU, o chanceler iraniano criticou a "falta de atenção imediata ao aviso do Secretário-Geral da ONU" e "o apoio contínuo da Casa Branca aos crimes de guerra do regime israelense".

Segundo ele, com tais ações, as organizações internacionais serão "conduzidas ao colapso e ao declínio da dignidade da humanidade". 


"É extremamente decepcionante e lamentável que um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza tenha sido vetado", iniciou em sua declaração o enviado da China para as Nações Unidas, Zhang Jun. 

Segundo ele, 100 países, incluindo a China, co-patrocinaram o documento vetado pelos Estados Unidos. Mas apesar disso, o diplomata defende que a "opinião esmagadora da comunidade internacional é clara: um cessar-fogo humanitário imediato é a prioridade absoluta"

"Não vamos parar, mas continuaremos a envidar esforços para salvar vidas, defender a justiça e buscar a paz", finalizou. 

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, apelou à reforma do Conselho de Segurança da ONU após um único veto ser capaz de rejeitar todo um documento que apelava pelo cessar-fogo em Gaza, apesar da aprovação de outros países membros. 

“A exigência de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas é rejeitada apenas pelo veto dos EUA. Isto é justiça? O Conselho de Segurança da ONU precisa ser reformado", veiculou o jornal catari Al Jazeera sobre a fala do líder turco. 

O presidente ainda falou sobre a "perda de esperança e expectativa do Conselho de Segurança". 

A Malásia manifestou "a sua forte objeção à atitude dos Estados Unidos" por meio de uma declaração do primeiro-ministro Anwar Ibrahim.

"É estranho e está além da sanidade humana quando há partidos que apoiam e permanecem calados em relação ao massacre de crianças e mulheres inocentes, bem como de civis", declarou o premiê. 

O líder asiático ainda defendeu que o conflito "deve parar imediatamente", lamentando a "falta de preocupação com os direitos humanos dos palestinos em Gaza". 

"Não existe absolutamente nenhuma base para que alguém negue e frustre um processo de cessar-fogo. É muito lamentável", completou.  

O ministério das Relações Exteriores do Paquistão emitiu um comunicado informando "profundo desapontamento" com o "fracasso" do Conselho de Segurança da ONU, criticando sua incapacidade de colocar fim "aos ataques brutais e bloqueio desumano a Gaza". 

Já o ministro das Relações Exteriores da Noruega, Espen Barth Eide, classificou a incapacidade do CSNU em firmar um acordo em conjunto como "trágica".

Anteriormente, o chanceler também informou que os cinco países nórdicos, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia, enviaram uma carta conjunta ao Conselho de Segurança manifestando "total apoio" à votação pelo cessar-fogo, convocada pelo secretário-Geral Antonio Guterres. 

O primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, expandiu suas críticas para além do veto norte-americano, falando sobre a abstenção do Reino Unido na votação de sexta-feira. "Considero incompreensível que o Reino Unido não tenha votado a favor de um cessar-fogo. Como podemos escolher ser cúmplices no assassinato de milhares de crianças? Que vergonha para o governo do Reino Unido e para o Partido Trabalhista de Keir Starmer [Líder da oposição no Reino Unido] que se recusam a apoiar um Cessar-fogo", declarou.

(*) Com TeleSUR