Benefício fiscal

Em encontro com senadores, Haddad discute proposta de reoneração da folha salarial

Reunião na sequência para tratar do tema com deputados foi desmarcada por pressão de Arthur Lira, afirma jornal

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Congresso derrubou veto presidencial em dezembro e manteve desoneração até 2027; Haddad busca costurar alternativa - Foto: Diogo Zacarias/ Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) irá se reunir na tarde desta terça-feira (6) com líderes da base de apoio do governo Lula (PT) no Senado para discutir um novo texto sobre a desoneração da folha salarial das empresas. O projeto deve ser enviado ao Congresso Nacional. 

A reivindicação dos líderes da base acontece após o Congresso Nacional derrubar um veto do governo federal, em dezembro do ano passado, a uma lei que estendeu o prazo de desoneração. Na prática, a Lei 14.784, de 2023, prorrogou a desoneração da folha de 17 setores da economia e de pequenos municípios até 31 de dezembro de 2027.

O tema foi votado em sessão conjunta do Senado e da Câmara. Entre os senadores, a derrubada do veto recebeu 60 votos favoráveis e 13 contrários. Já entre os deputados, foram 378 contra o veto e 78 para sua manutenção. 

Lula havia vetado a desoneração da folha no final de novembro. Argumentou que lei de 2017 já previa o fim do desconto. Além disso, lembrou que a Reforma da Previdência, de 2019, proíbe a concessão de benefícios fiscais que reduzem a arrecadação para aposentadorias.  

Implementada em 2011 como medida temporária, a política de desoneração da folha foi diversas vezes prorrogada desde então.

A desoneração reduz a contribuição para a Previdência Social de setores intensivos em mão de obra para entre 1% e 4,5% sobre a receita bruta. Somente neste ano, ela deve custar R$ 18,4 bilhões aos cofres públicos. 

De acordo com o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), além de um texto para tratar da reoneração da folha de pagamento, outras propostas devem ser enviadas para o Congresso Nacional sobre a revogação dos benefícios fiscais concedidos no âmbito do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE) e a limitação da compensação de créditos tributários decorrentes de decisões judiciais. 

“O governo concorda em abrir o debate com um projeto de lei. A ideia é debater, e há uma compreensão que o tema da reoneração pode ser tratado em um PL autônomo. A ideia é manter os demais temas no âmbito da MP”, disse o senador na abertura do ano legislativo, nesta segunda-feira (5).  

Reunião na Câmara foi cancelada

O ministro Fernando Haddad também tinha uma agenda com os líderes na Câmara dos Deputados, marcada para logo após a reunião com os senadores, ainda nesta terça-feira (6). O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), no entanto, teria feito pressão para derrubar a reunião, uma vez que não participaria do encontro, segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo.

Para Arthur Lira, a articulação da agenda sem a sua participação teria partido do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Ao abrir os trabalhos legislativos nesta segunda-feira (5), Lira disse que "a boa política" se apoia "num pilar essencial: o respeito aos acordos firmados e o cumprimento à palavra empenhada". A fala foi entendida como um recado ao governo Lula (PT) e ao que Lira considera o descumprimento de acordos, como a liberação de emendas parlamentares em maior montante.

No ano passado, o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) também vetou um total de R$ 5,6 bilhões que seriam destinados a emendas de comissões permanentes. O valor das emendas passou de R$ 16,6 bilhões para R$ 11 bilhões. O veto ainda será analisado em sessão conjunta do Congresso.

Edição: Matheus Alves de Almeida