Oriente Médio

'Rafah não é um lugar seguro': Israel bombardeia cidade que abriga milhares de refugiados palestinos

Mãe brasileira com três filhos que aguardava em Rafah chegou ao Egito nesta quinta-feira, de onde segue para o Brasil

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Foto tirada em Rafah mostra fumaça subindo sobre os edifícios em Khan Yunis em ataque israelense nesta quinta (8) - MAHMUD HAMS / AFP

Ataques israelenses à cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, fizeram 11 vítimas fatais nesta quinta-feira (8), entre elas 5 crianças. Localizada na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, a passagem humanitária em Rafah é a única via para saída de palestinos e estrangeiros do território sob ataque de Israel, que cerca o restante dos acessos terrestres e marítimos da área e onde centenas de milhares de civis palestinos estão cercados.

Palestinos no local relataram à agência AFP os impactos dos ataques. "Os bombardeios são a prova de que Rafah não é um lugar seguro", disse Umm Hassan, uma palestina de 48 anos que teve a casa atingida por um bombardeio. "Nosso mundo foi reduzido a cinzas", afirmou Abu Ayman, 46 anos, que mora na região.

Na quarta-feira (7) o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse estar “especialmente alarmado” com o anúncio israelense de atacar Rafah, o que, segundo ele, “aumentaria exponencialmente o que já é um pesadelo humanitário com consequências regionais incalculáveis”. Estima-se que a cidade tenha recebido mais de 1 milhão de palestinos desde que Israel iniciou a ofensiva contra Gaza.

A guerra completou quatro meses nesta quarta com um saldo de mais de 27 mil pessoas mortas pelos ataques israelenses e mais de 67 mil pessoas feridas, segundo o Ministério da Saúde em Gaza. Nas últimas 24 horas, as forças de Israel mataram 130 pessoas e deixaram outras 170 feridas.

Família brasileira deixa zona de conflito

O Itamaraty informou que membros de uma família brasileira remanescente na Faixa de Gaza chegaram nesta quinta-feira ao Egito. Estão acompanhados de sua mãe um bebê nascido na véspera do Natal de 2023, uma criança de dois anos e outra de quatro anos que aguardavam em Rafah para deixar a zona de conflito.

Ao chegar no Egito, eles foram recebidos por uma equipe da Embaixada do Brasil que cuidará de seu traslado até o Cairo, para então retornarem ao Brasil como parte da Operação Voltando em Paz, realizada pelo governo federal desde outubro para repatriar brasileiros da zona de conflito no Oriente Médio. Com os quatro novos repatriados a operação chega à marca de 1.559 pessoas resgatadas, entre brasileiros e parentes que estavam em Israel, em Gaza e na região da Cisjordânia.

Negociações

Como resposta à proposta apresentada pelos mediadores do Qatar e do Egito, o Hamas sugeriu nesta terça-feira uma contraproposta com um plano de cessar-fogo dividido em três fases, que foi rejeitada pelo primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Com as possibilidades de um acordo de cessar-fogo travadas, não há no horizonte uma previsão para o fim da guerra em Gaza.

Nesta quinta-feira, enquanto Israel prossegue com os bombardeios na região, uma delegação do Hamas liderada por Khalil Al-Hayya, chegou ao Cairo, no Egito, com o objetivo de retomar as negociações para um possível acordo. Segundo a emissora Al Jazeera, a estimativa das autoridades egípcias é que as novas discussões devem levar pelo menos 10 dias antes de alcançar uma trégua nas hostilidades, como forma de iniciar um acordo de paz.

Com Al Jazeera, AFP e Opera Mundi

Edição: Lucas Estanislau