Palestina

Guerra em Gaza completa 4 meses com mais de 27 mil palestinos mortos; Israel nega cessar-fogo

Hamas apresentou proposta que previa fases para fim da guerra; premiê israelense recusa e fala em 'vitória total'

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Maioria das mais de 27 mil vítimas é de mulheres e crianças - SAID KHATIB / AFP

A guerra na Faixa de Gaza completa quatro meses nesta quarta-feira (7) com um saldo de 27.708 pessoas mortas pelos ataques israelenses, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, sendo a maioria de mulheres e crianças. Outras 67.147 ficaram feridas pelos ataques. Nas últimas 24 horas, 123 palestinos foram mortos e 167 ficaram feridos pelos ataques israelenses. O número de mortos em Israel nos ataques do Hamas em 7 de outubro é de 1.139 pessoas.

Com as possibilidades de um acordo de cessar-fogo travadas, não há no horizonte uma previsão para o fim da guerra em Gaza. Como resposta à proposta apresentada pelos mediadores do Qatar e do Egito, o Hamas sugeriu nesta terça-feira uma contraproposta com um plano de cessar-fogo dividido em três fases.

A emissora Al Jazeera teve acesso a uma versão preliminar do documento, que incluia a retirada das forças de Israel e a troca, em etapas, de prisioneiros palestinos por reféns israelenses. Em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, o primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recusou a proposta de cessar-fogo. "Não temos outra opção senão uma vitória decisiva, para impedir que o Hamas perpetre quaisquer outros massacres. Eu disse ao secretário de Estado dos EUA: 'Sr. [Antony] Blinken, estamos muito perto da vitória'", afirmou. Ao final de janeiro, o premiê israelense já havia dado declarações descartando um acordo para o fim das hostilidades.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que está em visita a Israel para discutir sobre a proposta mediada pelo Catar, afirmou que é necessário mais trabalho para se chegar a um acordo. “Há muito trabalho a ser feito, mas estamos muito focados em fazer esse trabalho e com esperanças de poder retomar a libertação de reféns que foi interrompida”, disse.

Em conferência de imprensa em Beirute, o oficial do Hamas, Osama Hamdan, afirmou que esta guerra mostra a falta de vontade por parte da comunidade internacional.“A ocupação continua a realizar execuções e a bombardear comboios de ajuda, bem como a forçar os deslocados a abandonar abrigos e hospitais, o que demonstra o seu sadismo e brutalidade”, disse. Está prevista mais uma rodada de negociações entre os mediadores do conflito nesta quinta-feira (8).

Mãe e três filhos brasileiros-palestinos são autorizados a deixar Gaza

Uma mãe brasileira e seus três filhos foram autorizados a deixar a Faixa de Gaza e devem cruzar a fronteira entre com o Egito em Rafah na quinta-feira (8), de onde devem seguir até o Cairo para então retornarem ao Brasil como parte da Operação Voltando em Paz, realizada pelo governo federal desde outubro para repatriar brasileiros da zona de conflito no Oriente Médio. 

Retornam ao país acompanhados de sua mãe um bebê nascido na véspera do Natal de 2023, uma criança de dois anos e outra de quatro anos. A família está alojada em Rafah enquanto aguarda o momento de cruzar a fronteira. Com os quatro novos repatriados a Operação Volando em Paz chega à marca de 1.559 pessoas resgatadas, entre brasileiros e parentes que estavam em Israel, em Gaza e na região da Cisjordânia.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse nesta quarta que está “especialmente alarmado” com relatos de que Israel está prometendo um ataque a Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, onde centenas de milhares de civis palestinos deslocados pelos ataques israelenses estão cercados, sem ter para onde fugir. “Tal ação aumentaria exponencialmente o que já é um pesadelo humanitário com consequências regionais incalculáveis”, disse Guterres na Assembleia Geral da ONU.

Edição: Lucas Estanislau