Diálogo

Governo da Colômbia e dissidentes das Farc anunciam negociações de paz

Segunda Marquetalia foi criada por ex-membros das Farc em 2019, após desmobilização da então maior guerrilha colombiana

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O diálogo permanente com os grupos armados é uma das políticas implementadas por Petro desde o início do seu mandato em 2022 - Juan BARRETO / AFP

O governo da Colômbia anunciou nesta sexta-feira (9) o início dos diálogos de paz com o grupo armado Segunda Marquetalia. As conversas serão realizadas no contexto dos Acordos de Paz promovidos pelo presidente Gustavo Petro para negociar o fim dos conflitos entre grupos guerrilheiros no país. 

A declaração conjunta foi assinada em 1º de fevereiro e divulgada nesta sexta. No documento, governo colombiano e a Segunda Marquetalia, grupo criado por ex-combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), se comprometeram a iniciar as negociações para um acordo de paz definitivo e estabelecer de forma “imediata” acordos prévios para reduzir os confrontos.

O texto pede também fala da participação da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos governos de Cuba, Venezuela e Noruega na mediação das conversas. O documento foi assinado pelo chefe do Alto Comissariado pela Paz do governo da Colômbia, Otty Patiño, e pelo comandante do grupo guerrilheiro, Iván Márquez.

O diálogo permanente com os grupos armados é uma das políticas implementadas por Petro desde o início do seu mandato em 2022. O presidente transformou a Paz Total em uma política de Estado a partir da aprovação da lei 418, que firma o compromisso do Estado colombiano em manter contato para negociar o fim dos confrontos entre esses grupos.

As negociações com o grupo se somam a outras mesas de diálogos estabelecidas pelo governo. Até agora, o Estado conseguiu abrir diálogos com o Exército de Libertação Nacional (ELN) e com o Estado Maior Central (EMC), também surgido de dissidências das Farc.

O governo e o ELN estenderam o cessar-fogo até agosto depois do 6º ciclo de negociações realizado na última semana em Cuba. O grupo foi o primeiro a assinar um Acordo de Paz com o Estado colombiano em 2016, durante o governo de Juan Manuel Santos. Já o EMC chegou a um acordo com o governo em janeiro para a prorrogação de um cessar-fogo até 15 de julho. O acordo estava válido desde outubro de 2023.

As negociações com a Segunda Marquetalia foram divulgadas na semana em que representantes do Conselho de Segurança da ONU visitaram a Colômbia para demonstrar apoio às conversas. O assessor para assuntos internacionais dos Estados Unidos, Joe Finer, também se reuniu na terça-feira (06) com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em Bogotá para discutir o processo de paz.

O grupo guerrilheiro se comprometeu a “contribuir com o processo das comunidades rurais e urbanas e acabar com impostos sobre comunidades populares”. Também reafirmou a necessidade de levar um processo de paz “ágil e ordenado” e que tenha soluções políticas. 

Edição: Lucas Estanislau