Cinema

TVT apresenta especial sobre o Oscar às vésperas da festa do cinema estadunidense

Confira as apostas e mais detalhes sobre a premiação, que terá especial na TVT nesta sexta-feira

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Oscar é concedido desde 1929 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, organização sediada nos Estados Unidos - Lewis Joly-Pool / AFP

A maior premiação norte-americana do cinema está marcada para este domingo (10). O Teatro Dolby receberá em seu tapete vermelho os principais nomes do cinema comercial do mundo. Em jogo, as estatuetas de grande prestígio, ainda que recheadas de polêmicas. Em uma prévia da premiação, a TVT apresenta nesta sexta-feira (8), às 20h30, o Especial Oscar 2024. Cinema e polêmicas que o tangenciam estarão na pauta da apresentadora Débora Gomez, da diretora e atriz Yara Novaes e do crítico de cinema Luiz Zanin.

“O programa é muito interessante, porque ele é sobre os filmes que estão candidatos ao Oscar. Tanto os filmes dos americanos que eles selecionam para premiação principal, quanto os melhores filmes internacionais, então, a gente fala sobre todos eles. O programa tem apresentação da Débora que é atriz, ela também participa da opinião e estimula o Luiz Zanin que é o grande crítico de cinema. A gente também convidou a Yara uma atriz, diretora de teatro, principalmente teatro, que é a praia dela, no teatro ela é considerada uma deusa”, explica à RBA o diretor do programa, Bruno Mascarenhas. “São atrizes competentes e que deram um brilho muito legal ao programa. É muito legal você ter um crítico e do lado tem pessoas que já viveram um set de filmagem”, completa.

Representatividade

O Oscar tem um histórico de falta de representatividade, além de valorizar um cinema específico, voltado ao público dos Estados Unidos que, entre outras questões, tem grande dificuldade de assistir a qualquer obra legendada. Assim, Mascarenhas lembra que o programa da TVT tem especial relevância por ir ao ar no Dia Internacional da Mulher. “A gente fala sobre cada filme, uma sinopse ilustrada com imagens do filme, do trailer. Então, depois uma análise do Zanin com a participação das duas atrizes, a Yara de Novaes e a Débora. Então, é muito bom porque elas falam com propriedade”, afirma.

“Por exemplo, tem a Emma Stone, que faz uma cena de nudez no filme Pobres Criaturas. Aí Yara fala, porque ela é atriz, já fez cena de nudez, então, ela sabe como que se sente, então é bem interessante quando fala-se de atriz, e também é importante que o programa vá ao ar no dia 8 de março”, exemplifica. “Então, no final, a Débora até faz esse programa em homenagem às mulheres, principalmente às grandes atrizes que estão no Oscar, porque são mulheres fantásticas”, completa.

Boa seleção

Embora não seja a premiação mais valorosa para os cinéfilos de fora do circuito comercial, sua relevância é inegável, particularmente sob o aspecto financeiro. Há quem prefira ganhar prêmios como o Urso de Ouro (Berlim), a Palma de Ouro (Cannes) ou o Leão de Ouro (Veneza). Contudo, a seleção deste ano de filmes do Oscar vem com obras de peso e qualidade inegável.

“É surpreendente o tanto de filmes de alta qualidade que tem esse ano. Quase todos são grandes concorrentes ao Oscar. Tem o Oppenheimer, que é uma ficção baseada em realidade muito bem feita, muito bem montada, é um show. O Pobres Criaturas, na minha opinião, é o grande candidato, pelo menos a melhor atriz. A Emma Stone detona”, completa.

Esnobados

Contudo, os problemas ainda existem. A lista de diretores e atores que afirmam não dar importância ao Oscar é grande. Envolve nomes de peso, inclusive na indústria de Hollywood. “Não dou a mínima”, afirma a atriz Kirsten Stewart. “Não me importo nem um pouco com isso”, afirma Leonardo Di Caprio.

Di Caprio, inclusive, um “esnobado” pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Seu histórico de atrito com o júri é antigo. Ele não venceu a estatueta por atuações marcantes, particularmente com O Lobo de Wall Street, do diretor Martin Scorsese. Contudo, já levou uma com O Regresso, do mesmo cineasta. Neste ano, novamente sob batuta do mestre Scorsese, apresentou um trabalho de fôlego. Contudo, sequer garantiu a sua nomeação entre a lista de candidatos.

Outra personagem controversa deste ano no Oscar é Greta Gerwig. Talvez a maior cineasta da atualidade, Greta faturou como nunca com seu filme Barbie. Contudo, mesmo com ampla aceitação de público e crítica (ainda que a obra em si carregue problemas, particularmente em seu ato final), ela não está na lista entre melhores diretores.

Justine Triet, diretora de Anatomia de Uma Queda, é a única mulher no páreo. Ela concorre com um filme mais sensível e marcante, ainda que tenha poucas chances de levar para casa a estatueta. Há quem diga que a francesa cumpre tabela na lista. As chances seriam muito maiores na disputa por Melhor Filme em Língua Estrangeira. Contudo, a França não escolheu o longa como candidato. Talvez um erro, uma vez que a vitória seria quase certa. Mas a posição não é unânime. “A França selecionou O Sabor da Vida como seu concorrente a Filme Internacional — e corretamente, já que é um trabalho infinitamente superior a Anatomia de uma Queda“, argumenta o crítico Pablo Villaça.

“Eu sou Bella Baxter”

Talvez um longa que trate da emancipação feminina com mais vigor do que o próprio Barbie seja Pobres Criaturas. O diretor Yorgos Lanthimos persiste em sua característica de incomodar o espectador, típica de sua escola de cinema grego. Contudo, ao abraçar Hollywood, traz uma obra muito mais marcante aos olhos, com uma estética que dança entre a beleza fotográfica e o absurdo com facilidade.

Um “Frankestein” moderno, Pobres Criaturas conta com grande apoio e incentivo comercial, além de projetar uma das grandes favoritas à estatueta de Melhor Atriz para a bela atuação de Emma Stone no papel de Bella Baxter, uma mulher que vive com o cérebro de seu bebê recém nascido transplantado. Sim, trata-se de uma história no mínimo exótica, mas que o público facilmente identificará a relevância das críticas ao patriarcado em seu contexto, de forma profunda e esteticamente marcante.

Emma Stone em Poor Things, de Yorgos LanthimosEmma Stone em cena de “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos

Favoritos

Mas Emma Stone não concorre sozinha. Lily Gladstone emplaca uma atuação talvez de ainda mais potência como protagonista do longa Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese. Ela foi favorita durante toda temporada. Contudo, problemas com a distribuição do filme de Scorsese dificultaram a promoção da obra. Não se pode esquecer que o Oscar é uma premiação comercial. Propaganda vale muito. E neste quesito, os estúdios Searchlight Pictures, responsável por Pobres Criaturas, investiu com maior assertividade.

Apesar de uma obra ímpar, como de costume quando se trata de Scorsese, a longa duração de mais de três horas também impactou negativamente na recepção em tempos de vídeos curtos em redes sociais. Contudo, esta é a proposta da obra. Criticá-la por este motivo significa ignorar, necessariamente, o cinema como expressão artística e valorizar o entretenimento barato. Entretanto, a estatueta para Scorsese parece distante diante do espírito do tempo.

Fenômeno Oppenheimer

Favorito de fato, tanto para Melhor Filme como para Diretor, é Christopher Nolan, com seu Oppenheimer. A história do Projeto Manhattan, contada a partir de um roteiro bem amarrado em um filme baseado em diálogos, marcou 2023. Além de boas atuações e boa fotografia, Oppenheimer contou com uma publicidade absurda, inclusive ganhando com uma antítese sem sentido, nutrida pelos estúdios e pelo público, com Barbie. Ambos foram lançados quase que simultaneamente.

Dentro de Oppenheimer, destaque para a atuação grandiosa de Robert Downey Jr. Embora quase silenciosa, o ator conhecido por ser o Homem de Ferro da Marvel revelou que seu talento vai muito além dos filmes comerciais baseados em quadrinhos. Quase irreconhecível, o ator apresenta uma atuação extremamente convincente; um deleite para os cinéfilos.

Downey Jr. quase rouba a cena do protagonista — e grande favorito ao prêmio de melhor ator — Cilian Murphy. No papel de Oppenheimer, o ator da premiada série Peaky Blinders também melhora o filme com seu olhar profundo e quase catatônico diante das ofensas da criação de uma bomba nuclear.

Cilian Murphy é “o pai da bomba” em “Oppenheimer”, de Christopher Nolan