África

Lider de esquerda, Ousmane Sonko é nomeado primeiro-ministro do Senegal e promete governo de ruptura

Ousmane Sonko foi impedido de concorrer as eleições e agora recebe cargo do mais jovem presidente do país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Líder da oposição de esquerda durante votação no dia 24 de fevereiro, dez dias após deixar a prisão - Muhamadou BITTAYE / AFP

Após tomar posse como o presidente mais jovem do Senegal na terça-feira (2), Bassirou Diomaye Faye nomeou como primeiro-ministro nesta quarta-feira (3), Ousmane Sonko, que liderou a oposição de esquerda ao governo anterior de Macky Sall. Sonko presidente o partido de esquerda Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef), colocado na iegalidade pelo regime de Sall.

Tanto o presidente Faye como o novo primeiro-ministro do Senegal passaram os 11 meses anteriores às eleições na prisão. Acusado de insurreição, associação criminosa e atentado à segurança do Estado, entre outros crimes, Sonko foi impedido de se candidatar nessas eleições e foi o principal apoiador da candidatura vitoriosa de Faye.

Sonko e Faye foram libertados dez dias antes do pleito por meio de uma anistia concedida pelo governo de Macky Sall, que enfrentou uma grande mobilização popular após sua tentativa de transferir para dezembro as eleições previstas para 25 de fevereiro.

Por determinação do Conselho Eleitoral do Senegal, Sall entregou o cargo nesta terça, para a posse de Faye.

"Eu disse que trabalharíamos todos em prol da eleição do presidente Bassirou Diomaye Faye. Está fora de questão deixá-lo assumir sozinho o peso desta responsabilidade", disse Sonko, após ser nomeado primeiro-ministro. Ele agradeceu a Faye pela nomeação e acenou com um governo de ruptura. "Seja como for na liderança da equipe que vamos formar, daremos tudo o que está ao nosso alcance, sem poupar esforços, de forma a atingir o que prometemos ao povo senegalês. Ou seja a ruptura, o progresso e a mudança definitiva rumo à direção correta."

Político de esquerda e pan-africanista, Bassirou Diomaye Faye defendeu em sua campanha eleitoral o resgate da soberania nacional do Senegal por meio da renegociação dos contratos de mineração, gás e petróleo realizados com empresas estrangeiras e a retomada, ainda este ano, da produção nacional. Faye também prometeu fortalecer a democracia do país e estabelecer um sistema judicial independente.

Ex-inspetor fiscal, ele é o quinto presidente do Senegal desde a independência da França em 1960. O novo governo precisa criar empregos suficientes numa nação onde 75% dos 18 milhões de habitantes têm menos de 35 anos e a taxa de desemprego é oficialmente de 20%.

*Com Lusa, RFI e Al Jazeera

Edição: Matheus Alves de Almeida