De Paulo Freire a Zumbi dos Palmares, o aguardado e histórico show da cantora estadunidense Madonna na praia de Copacabana prestou homenagem a ícones da cultura, do esporte e da política do Brasil e resgatou as cores da bandeira nacional.
A diva pop celebrou 40 anos de carreira para um público de 1,6 milhões de pessoas. O espetáculo gratuito foi o maior já realizado nas areias do simbólico ponto turístico nacional, conhecido no mundo todo.
Durante a canção Music, ela foi acompanhada por crianças e adolescentes ritmistas de comunidades do Rio de Janeiro, sob a regência dos instrumentista Pretinho da Serrinha. A versão em samba da música foi executada ao lado de Pablo Vittar, enquanto o telão mostrava figuras nacionais icônicas.
Madonna, Vittar, instrumentistas e o corpo de dança do espetáculo vestiam camisas da seleção brasileira e as cores da bandeira, que nos últimos anos foram cooptadas por movimentos conservadores de extrema direita. Enquanto isso, a multidão e a cantora entoavam juntas o refrão, Música, faz as pessoas se unirem / Música, mistura a burguesia e os rebeldes.
Uma das homenageadas no telão foi a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 em retaliação a sua luta contra o domínio das milícias na cidade do Rio de Janeiro. O educador e filósofo Paulo Freire, patrono da educação brasileira e pioneiro da alfabetização popular também recebeu tributo, assim como líder popular quilombola Zumbi dos Palmares.
Na lista de personalidades brasileiras que foram lembradas estiveram ainda o rapper Mano Brown, do Racionais MCs, a deputada federal Erika Hilton (PSOL), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede) e a ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara (PSOL), a jogadora de futebol Marta e o também jogador Pelé, o músico Gilberto Gil, a artista plástica Tarsila do Amaral, a cantora Elza Soares.
A música terminou com a imagem gigantesca da bandeira brasileira no telão, aplaudida durante vários minutos pela multidão. Madonna também usou as cores do país no figurino que vestiu quando foi acompanhada de Anitta, na canção Vogue, carregada de referências à liberdade sexual.
Como de costume, o espetáculo foi permeado por homenagens e celebrações à comunidade LGBTQIAPN+ e à diversidade. A diva lembrou ainda as vítimas da crise do HIV, nas décadas de 1980 a 1990, como fotos de Renato Russo, Cazuza, Fred Mercury, entre outros.
As manifestações políticas não ficaram apenas no palco. Fãs que foram ao evento projetaram a bandeira da Palestina no Copacabana Palace, em memória às vítimas dos ataques diários israelenses ao território.
Confira algumas reações ao show nas redes sociais:
É extremamente gratificante assistir Madonna enfileirar tributos a pessoas LGBTQIA+, esbanjar sensualidade e humilhar o conservadorismo bem ali na praia onde o gado extremista rasteja para idolatrar um delinquente misógino, homofóbico e racista. O show esbofeteia o preconceito. pic.twitter.com/TESPmwGEUY
— Tiago Barbosa (@tiagobarbosa_) May 5, 2024
Madonna provando que da pra ser idosa, usar verde e amarelo e estar em Copacabana sem pedir intervenção militar pic.twitter.com/ftQdWpk5no
— William De Lucca (@delucca) May 5, 2024
PALESTINA LIVRE 🇵🇸 Durante o show da Madonna em Copacabana ativistas projetaram a bandeira da Palestina, pelo fim do genocídio em Gaza, abaixo o apartheid colonialista de Israel! pic.twitter.com/swvZf55MgC
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) May 5, 2024
Madonna e Pabllo resignificando/ resgatando nossa camisa, nossa bandeira e nossas cores. O trauma e simbologia ficaram num passado. VIVA BRASIL 🇧🇷💚💛 pic.twitter.com/RvhyGmnv1P
— Nahoum (@siganahoum) May 4, 2024
Madonna chama para o palco meninas/os de escola de samba e coloca Pablo Vittar, gay, drag, que viveu com a mãe em assentamento do MST, e com ela samba na cara do fascismo, com imagens de nossas referências negras/indígenas.
— Iriny Lopes (@iriny_13) May 5, 2024
Continuar sem medo é revolucionário. Isso é Madonna! pic.twitter.com/v7eZmSMB7k
Emoção pura as imagens de Cazuza, Betinho, Renato Russo, Sandra Bréa e outros brasileiros serem incluídas na homenagem que Madonna faz para as vidas que perdemos para epidemia de Aids.
— Fábio Felix 🏳️🌈 (@fabiofelixdf) May 5, 2024
Lá no começo, quando o mundo ignorava e tratava com descaso o HIV, estigmatizando a… pic.twitter.com/vDsOHJ2Tjf
Edição: Rodrigo Durão Coelho