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NÃO É SÓ ESSEQUIBO

Questão do Pirara: Há 120 anos, Brasil abria mão de território que hoje está com a Guiana

Em 1904, após uma disputa por um território no norte do país, governo brasileiro abriu mão de região do rio Pirara

26.jun.2024 às 17h07
Caracas (Venezuela)
Lorenzo Santiago

Mapa mostra toda a zona que ficou em disputa entre o Brasil e o Reino Unido - Ricardo de Toma

A disputa que o governo da Venezuela trava hoje com a Guiana pelo território de Essequibo se estende desde o século 19 e é retomada de tempos em tempos. Com as descobertas recentes de petróleo na região, o governo venezuelano voltou a carga e esquentou o assunto nos últimos meses. Mas a região tem uma série de territórios que passaram de país para país ao longo do tempo e há 120 anos o próprio Brasil abriu mão de um terreno no norte da América do Sul.

O terreno em questão é conhecido como a região do Pirara e fica no norte do Brasil, na fronteira entre o Estado de Roraima e a Guiana. O tema foi tratado no livro Os interesses Geopolíticos do Brasil na Guiana Essequiba, do pesquisador Ricardo De Toma pelo programa Sociedade e Fronteiras da Universidade Federal de Roraima, financiada pela Capes. Em sua obra, ele detalha como foram feitos os movimentos na região a partir de trocas de cartas e decisões dos governos da época. 

A divisão dessas terras começou a ser discutida em 1842, entre o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o governo do Reino Unido, já que ainda naquela época, a Guiana era colônia britânica. Naquele ano, os dois países assinaram o Acordo de Neutralização sobre os territórios daquela região.

A ideia era usar os estudos geográficos que estavam sendo feitos pelo pesquisador Robert H. Schomburgk para o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido. O texto também proibia qualquer ocupação militar de Brasil e Reino Unido nos espaços disputados e que as aldeias indígenas deveriam continuar na região. O documento também estabelecia que os dois países deveriam retirar tropas que ocupavam lugares em que havia missões católicas ou protestantes até que fosse resolvida a disputa pelos territórios. 

Enquanto a questão não estava resolvida entre brasileiros e britânicos, a Venezuela assinou em 1850 um tratado parecido com o Reino Unido para a questão do Essequibo, que está na fronteira do que hoje é a Guiana e o território venezuelano. Em 1859 foi a vez de Venezuela e Brasil assinarem um acordo para a divisão dos territórios que estavam na região da fronteira entre os países. 

No documento, os dois países chegam ao consenso de dividir da seguinte forma: os territórios da bacia do rio Amazonas, do rio Branco até o ponto mais alto da Serra Pacaraima eram do Brasil, enquanto a Venezuela ficava com as águas do rio Orinoco, Essequibo, Cuyuní e Caroní. Dessa forma, o Brasil reconheceu naquele momento que as águas do rio Essequibo que descem da Serra Mapuera e percorrem um trajeto de 800 quilômetros até desembocar no Oceano Atlântico seriam territórios venezuelanos, demarcando naturalmente as tradicionais fronteiras venezuelanas com a Guiana.

O acordo entre Venezuela e Brasil não mencionava a participação do Reino Unido nesta disputa e as terras que estavam sendo discutidas de forma separada entre cada dois países com a administração britânica. 

Durante 10 anos, diplomatas venezuelanos pediram ao Reino Unido a retomada das negociações e sugeriram até a definição de um árbitro internacional que seria escolhido pelas duas partes, mas o pedido foi ignorado pelos britânicos que, em 1887, apresentaram os estudos de Schomburgk. O mapa apresentado incorporava para o Reino Unido as terras que estavam sendo discutidas com a Venezuela (região do Essequibo) e com o Brasil (Pirara).


Mapa apresentado pelo pesquisador alemão Schomburgk / Ricardo De Toma

A Venezuela passava também naquele momento por uma tensão envolvendo justamente os colonos da região do Demerara, na então Guiana britânica. Eles começaram a entrar na bacia do rio Orinoco para reivindicar os territórios que estavam “neutros” pelos acordos. Com isso, o governo venezuelano chegou a pedir ajuda para os Estados Unidos em 1882. 

Relações diferentes

Depois da apresentação do mapa e das incursões dos colonos britânicos nos territórios que estavam em disputa, a Venezuela suspendeu as relações diplomáticas com o Reino Unido. Enquanto isso, o Brasil tentava manter as negociações na região do rio Pirara e, em outubro de 1888, assinou um memorando de entendimento pedindo a resolução da pendência que envolvia aquela região, já que os territórios seguiam “neutros”. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro sugeriu a formação de uma comissão para discutir isso. 

O governo britânico rejeitou a proposta e disse que era preciso traçar uma linha geral para a divisão dos territórios para só depois definir uma comissão que detalhasse essa divisão. Brasil e Venezuela articulam um debate bilateral para reivindicar esses territórios, mas o Brasil logo deixa esse movimento por entender que as situações eram distintas. 

Em 1894 os Estados Unidos acataram o pedido dos venezuelanos e emitiram comunicado pedindo que o Reino Unido aceitasse a mediação internacional. Como resultado, em 1897 é assinado o Tratado de Washington relativo a essa questão. A arbitragem internacional foi favorável aos britânicos e a Venezuela teve que recuar no pedido. 

O Brasil acompanhou todas essas movimentações e passou a ver ameaçada a sua soberania sobre o Pirara. Por isso, contestou a decisão da arbitragem internacional e enviou uma carta criticando essa decisão aos governos da Venezuela e Reino Unido. O Laudo Arbitral de Paris de 1899 sacramenta essa decisão até aquele momento e concede o Essequibo à Guiana britânica. 

O acordo, no entanto, envolvia também o território do Pirara, que havia sido acordado com a Venezuela em 1859. O então chanceler brasileiro Olyntho de Magalhães questionou a decisão e disse que um terceiro país (neste caso os EUA), que não tinha envolvimento com o caso, não poderia decidir sobre as fronteiras em disputa de um território. 

Contestação brasileira

Brasil e Reino Unido entregaram então a disputa pela região do Pirara à uma arbitragem internacional, que seria decidida pelo então Rei da Itália, Vítor Emanuel 3º. O diplomata Joaquim Nabuco defendeu a causa brasileira na questão. Ele apresentou um trabalho que se tornou referência para a discussão de fronteiras internacionais e mais tarde escreveu um livro chamado O Direito do Brasil, que explica a formação do norte do país.


Mapa mostra zona que ficou em disputa entre o Brasil e o Reino Unido / Ricardo De Toma

Ainda assim, a decisão da arbitragem internacional italiana foi por uma divisão favorável aos britânicos, que ficaram com 60% do território (19.600 km²), enquanto o Brasil ficou com os outros 40% (15.500 km²).

Mesmo com uma conclusão desfavorável, o Brasil aceitou a decisão. De acordo com Ricardo De Toma, há duas possíveis leituras para essa conformação do governo brasileiro. A primeira delas foi falta de apoio por parte da Venezuela neste caso. O governo brasileiro já tinha tido uma posição favorável à Venezuela na disputa em torno do Essequibo. 

A falta de reciprocidade dos venezuelanos acabou desestimulando os brasileiros que, mais tarde, mudaram a sua própria posição em relação ao território disputado pela Venezuela e adotou um tom neutro nessa questão. 

Uma segunda possível leitura eram as disputas que tinha com outros países da região. O Brasil havia assinado em 1903 o Tratado de Petrópolis com a Bolívia depois de um conflito envolvendo os dois países, que selou a passagem do Acre para a administração brasileira. Com a guerra do Paraguai ainda fresca (conflito que dizimou a população paraguaia), o governo brasileiro tinha receio de contestar uma decisão internacional e reabrir outros casos com países vizinhos e se prejudicar.

“O Brasil se solidarizou sobre os excessos do laudo de 1899, a Venezuela tinha tanta confusão interna que a diplomacia era desorganizada que não se solidarizou na reivindicação do Brasil sobre o Pirara. O Brasil também tinha outras questões territoriais na região, então reativar essa questão poderia abrir uma caixa de pandora que seria ruim para o Brasil”, disse ao Brasil de Fato. 

Essequibo em discussão

O debate em torno do território ainda está aberto entre Venezuela e Guiana. De tempos em tempos, governos venezuelanos dão demonstrações de querer resolver o conflito e incorporar de forma definitiva o território. A Guiana foi ocupada primeiro por espanhóis, que chegaram em 1499 no norte da América do Sul. O território passou a ser controlado por holandeses no século 16 por acreditarem que na região estava a mítica cidade de El Dorado (terra com ouro abundante).

Os holandeses implementaram no século 18 um amplo sistema de irrigação que atraiu colonos ingleses de ilhas caribenhas. A ocupação britânica foi crescendo, até que no final do século 18 já superava a presença de colonos holandeses. Com a expansão da França na Europa pela Revolução Francesa, os holandeses passaram parte de suas colônias para a administração inglesa para se proteger. A Guiana se torna independente em 1966, mas ainda hoje segue parte do grupo de ex-colônias britânicas.

De acordo com Ricardo De Toma, apesar de o governo de Nicolás Maduro ter reavivado essa discussão nos últimos meses, a questão continua sendo um aspecto nacional.

“O Essequibo é uma das maiores humilhações e feridas do orgulho nacional. A impotência que gerou essa usurpação e o jeito como os britânicos aplicaram sanções econômicas, bloqueio de portos, humilhações… Isso detonou a autoestima do venezuelano em algo que permaneceu em diferentes gerações. O tema foi continuamente incentivado para reativar o sentimento nacionalista. É como as Malvinas para os argentinos, a diferença é que não teve uma guerra. No entanto, com o aumento da crise, a questão fica mais moral e não é uma prioridade dos venezuelanos hoje”, afirmou.

A controvérsia ganhou novos contornos após 2015, quando a empresa estadunidense Exxon Mobil encontrou enormes reservas marítimas de petróleo na costa do enclave.

A Guiana, então, entregou concessões para que a empresa pudesse explorar as reservas que são estimadas em mais de 11 bilhões de barris de petróleo e fizeram o PIB guianês ser o que mais cresce no mundo, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O governo do presidente Nicolás Maduro chegou a acusar seu homólogo guianês de seguir os interesses da Exxon Mobil e incitar um conflito na região. Já a Guiana acusa o vizinho de "intenções expansionistas" e desde setembro vem permitindo exercícios militares dos EUA na fronteira.

Em 2023, a Venezuela realizou um referendo para ouvir a opinião da população sobre a incorporação de Essequibo. Segundo o Conselho Nacional Eleitoral, cerca de 10,5 milhões de eleitores participaram do referendo e 95,93% aceitaram incorporar a Guiana ao mapa e conceder cidadania aos mais de 120 mil guianenses que vivem na região.

Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, se reuniram em dezembro para discutir a disputa pelo território. Pelas redes sociais, a Presidência venezuelana celebrou o encontro e disse que os mandatários manifestaram "disposição de continuar o diálogo para dirimir a controvérsia em relação ao território do Essequibo".

Já o presidente guianês afirmou que manifestou a Maduro "a posição clara da Guiana que nós somos um país e um povo pacífico, não temos outras ambições do que buscar a coexistência pacífica com a Venezuela". No entanto, Ali disse que defendeu "que a controvérsia deve ser resolvida na Corte Internacional de Justiça [CIJ]", âmbito que é rejeitado por Caracas.

Editado por: Rodrigo Durao Coelho
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