A Rússia espera que os EUA e o Irã possam iniciar negociações sobre o programa nuclear iraniano e manifestou disposição para fornecer assistência durante as conversas. A declaração é do vice-ministro das Relações Exteriores da Federação Russa, Andrei Rudenko, ao comentar os planos para o encontro em Omã, em 12 de abril.
“A esperança morre por último. Então, pelo menos o diálogo continua. Desejamos sinceramente boa sorte aos nossos amigos omanenses que atuaram como mediadores. Também estamos prontos para oferecer nossas mãos e o coração”, disse Rudenko.
Na última segunda-feira (7), o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a possibilidade de negociações diretas com o Irã, dizendo que haveria uma reunião de “quase alto nível” no sábado e que havia esperança de um acordo porque ninguém queria o oposto.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, por sua vez, classificou a oferta do presidente dos EUA, Donald Trump, de realizar negociações diretas como “inútil”. “Conversas diretas com um governo que constantemente ameaça usar força militar em violação à Carta da ONU e cujos funcionários expressam posições contraditórias são completamente sem sentido”, disse Araghchi, citado pelo Tehran Times.
Ao mesmo tempo, o ministro iraniano afirmou que o principal objetivo de Teerã é a suspensão das sanções contra o país persa. “Se a outra parte tiver a vontade necessária e suficiente, será possível chegar a um acordo. Afinal, a bola está com os Estados Unidos”, disse Araqhchi. Desta forma, o formato das negociações entre EUA e Irã continua incerto.
O acordo histórico de 2015, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), impôs restrições ao programa nuclear do Irã em troca de um alívio das sanções. No entanto, em 2018, em seu primeiro mandato, Trump retirou os EUA do acordo, ao qual Teerã continuou a aderir plenamente por mais um ano, para depois começar a retroceder em seus compromissos.
Ao retornar à Casa Branca em janeiro, o republicano restabeleceu sua política de “máxima pressão” sobre o Irã pelas acusações de que o país busca adquirir armas nucleares. Teerã nega constantemente essas acusações e já expressou repetidamente vontade de reativar o acordo, mas em vão.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, observou que o lado russo está mantendo consultas contínuas com Teerã sobre o acordo nuclear, acrescentando que Moscou fará todos os esforços para resolver esse problema por meios políticos e diplomáticos.
“Sabemos que certos contatos, diretos ou indiretos, estão sendo planejados em Omã. E, claro, isso só pode ser bem-vindo, porque pode levar a uma redução das tensões em torno do Irã”, disse Peskov a repórteres, ao responder se Moscou apoiaria conversas diretas entre os EUA e o Irã.
As conversas sobre o programa nuclear iraniano acontecem em um contexto de aprofundamento das relações entre Moscou e Teerã, estreitados após o início da guerra da Ucrânia. Ao mesmo tempo, Moscou tem evitado fazer críticas contundentes ao presidente dos EUA, Donald Trump, com quem houve um avanço no diálogo sobre a resolução do conflito ucraniano.
Rússia ratifica acordo de parceria estratégia com Irã
Nesta terça-feira (8), a Duma estatal (câmara baixa do parlamento russo) ratificou o acordo de parceria estratégica entre a Rússia e o Irã. O documento foi assinado em 17 de fevereiro de 2025, no Kremlin, pelo presidente russo Vladimir Putin e pelo presidente iraniano Masoud Pezeshkian.
O acordo confirma o status das partes como parceiros estratégicos, abrangendo áreas como defesa, contraterrorismo, energia, finanças, transporte, indústria, agricultura, cultura, ciência e tecnologia.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Rudenko, ao discursar na Duma, destacou que o acordo de parceria estratégica com o Irã não representa uma aliança militar entre os dois países.
“Gostaria de enfatizar que a conclusão do acordo não significa a formação de uma aliança militar com o Irã e não prevê o fornecimento de assistência militar mútua”, disse ele durante a ratificação.