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A CIDADE TEM MEMÓRIA

No Recife (PE), João Campos celebra parque conquistado pelo Ocupe Estelita, mas apaga luta popular

Nas redes sociais, prefeito chamou de Parque Cais do Estelita o que será o Parque da Resistência Leonardo Cisneiros

09.maio.2025 às 17h44
Recife (PE)
Vinicius Sobreira
Projeção do Parque da Resistência Leonardo Cisneiros, no Recife (PE)

O Parque da Resistência Leonardo Cisneiros foi uma contrapartida adicionada ao projeto após anos de pressão social - Projeção da Moura Dubeux

Nesta quarta-feira (7), repercutiu nas redes sociais o anúncio do prefeito João Campos (PSB) de que a construtora Moura Dubeux começará em junho a construção de um parque às margens do Cais José Estelita, na ilha de São José, centro do Recife (PE). O parque, no entanto, tem nome, sobrenome e uma história que foram ignoradas e apagadas no anúncio de Campos. Fruto de anos de mobilização de entidades e ativistas ligados ao Ocupe Estelita, o Parque da Resistência Leonardo Cisneiros foi batizado por lei municipal sancionada pelo próprio Campos, em 2024.

O prefeito do Recife não só ignorou o nome, mas atribuiu um novo: ele chama de “Parque do Cais” no vídeo e se refere ao “Parque Cais do Estelita”, textualmente, na legenda da publicação nas redes sociais. A lei municipal 19.232 de 2024 teve autoria conjunta dos vereadores Ivan Moraes Filho e Dani Portela (hoje deputada estadual), ambos do Psol. Aprovada por maioria dos vereadores do Recife, foi inicialmente vetada por Campos. O projeto retornou à Câmara e, após nova aprovação, foi finalmente sancionada.

O Parque da Resistência Leonardo Cisneiros homenageia o filósofo e professor na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), ativista ligado ao Grupo Direitos Urbanos e ao Ocupe Estelita. Crítico das gestões do PSB a nível municipal e estadual, Cisneiros morreu de infarto em 2021, aos 44 anos, deixando esposa e filho. “Essa homenagem extrapola a dimensão pessoal. É uma homenagem a todo mundo que brigou essa briga e que pensa numa cidade para as pessoas”, disse Daniela Arrais, irmã de Leonardo, em carta pública endereçada a João Campos, em 2024, pedindo a sanção da lei aprovada na Câmara do Recife.

A redução na altura e na quantidade de torres, a construção de parques públicos e demais compensações que as construtoras integrantes do Consórcio Novo Recife farão como contrapartida pelo impacto ambiental e urbano do empreendimento, quase todas essas compensações são resultados de modificações no projeto original após anos de pressão social e judicial tanto sobre as construtoras como sobre o poder público. A Lei nº 18.138, que institui e regulamenta um plano urbano específico para a região data de 2015, ainda na gestão do prefeito Geraldo Júlio (PSB).

Mas as conquistas da luta foram mencionadas por João Campos como “presente” da Moura Dubeux. “A cidade vai ganhar esse presente, essas áreas de utilização pública, com conquistas importantes, entre elas a preservação da memória ferroviária e a conexão da avenida Dantas Barreto com a bacia do Pina, integrando a cidade do ponto de vista da mobilidade e de convivência”, disse. “Outra grande notícia é que esse investimento está sendo feito como contrapartida do empreendimento privado”, informou o prefeito.

O Projeto Novo Recife fica numa valorizada área do centro histórico do Recife – Projeção da Moura Dubeux

João Campos reforçou o apagamento ao agradecer textualmente a “todos que discutiram e formataram esse projeto: Superintendência do Patrimônio da União, Iphan, Dnit, Ministério dos Transportes, Agência Nacional de Transportes Terrestres, Advocacia Geral da União, Ministério Público, Justiça Federal e a iniciativa privada”. O prefeito deixou de citar organizações da sociedade civil, movimentos populares, universidades ou entidades de classe, como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), que também contribuíram para que o projeto tivesse o formato atual.

Além de autor do projeto de lei que garantiu a homenagem, o ex-vereador Ivan Moraes Filho (Psol) era colega de Leonardo Cisneiros no Ocupe Estelita. Ele classificou a postura do prefeito como “constrangedora”. “Fico imaginando até onde vai o excesso de autoestima ou falta de noção de um gestor que ignora completamente o que acontece distante do seu umbigo”, criticou Moraes. “Se haverá uso público de grandes lotes daquele lugar é porque houve luta, uma luta que se iniciou com o Ocupe Estelita há mais de 10 anos”, destacou.

O ex-parlamentar rechaça o uso do termo “presente” utilizado pelo prefeito para se referir ao parque construído pelo Consórcio Novo Recife. “Ignorar essa história e tentar capitalizar em cima de um processo que marcou a vida de tanta gente é um gesto pequeno e autocentrado, que não condiz com a imagem que ele quer construir para si mesmo. (…) Espero que ele encontre aconselhamento e tenha capacidade para reconhecer seu erro, buscando repará-lo o mais brevemente possível”, completa Moraes.

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A coautora da lei que homenageia Cisneiros endossa as críticas. “Se esse parque está contemplado no projeto do Novo Cais José Estelita é por conta das luta dos ativistas e do Movimento Ocupe Estelita. A luta de Leonardo Cisneiros deu frutos e não pode ser apagada”, critica Dani Portela (Psol). “Já houve uma tentativa de silenciamento da história anteriormente, quando o primeiro projeto de nomeação foi aprovado na Câmara e vetado pelo prefeito. Mas hoje toda a população poderá desfrutar da área e isso se deve à resistência da ocupação e da mobilização de diversos setores da sociedade que pressionaram por um espaço público”, conclui a deputada estadual.

O Parque da Resistência Leonardo Cisneiros, mencionado pela gestão municipal como “Parque Cais do Estelita”, terá mais de 33 mil metros quadrados e estará voltado para a bacia do Pina, ponto de encontro das águas dos rios Capibaribe, Jiquiá e o oceano Atlântico. Nas “costas” do terreno, onde passa a avenida Sul, será construído o Parque da Memória Ferroviária, com 55 mil m². Os parques receberão R$ 140 milhões em investimentos que incluem ciclovias, áreas de lazer, esporte, gastronomia e cultura, sistema de drenagem, rede de energia e iluminação pública.

Dois parques no Cais José Estelita são a contrapartida pelos impactos urbanísticos e ambientais do Novo Recife – Projeção da Moura Dubeux

O Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com a equipe de comunicação da Prefeitura do Recife e do prefeito João Campos perguntando sobre a escolha ou “esquecimento” do prefeito e buscando entender se ele pretende adotar um novo nome para o equipamento público. Até o momento, não fomos respondidos.

O cais está interditado atualmente para obras que alteram o fluxo de veículos no local. A avenida Engenheiro José Estelita, antes de mão dupla, será de mão única, no sentido sul. Uma via conectará as pessoas que vêm do Cabanga com a avenida Sul, no sentido centro. As vias têm entrega prevista para junho, quando começa a construção dos parques.

É possível que haja um investimento do governo federal para a construção de uma linha curta de veículo leve sobre trilhos (VLT) transitando pelo local. O VLT conectaria o Terminal Integrado de trens e ônibus de Afogados (TI Afogados), passando pelo Estelita, Marco Zero e chegando ao Terminal Marítimo do Recife, no Recife Antigo.

A disputa do Cais José Estelita

O terreno da antiga rede ferroviária federal (RFFSA) havia sido oferecido pelo governo Lula da Silva (PT) à Prefeitura do Recife ainda na gestão João Paulo (PT), que não apresentou projeto. Sem qualquer debate com a sociedade, o terreno acabou arrematado por um valor abaixo do mercado em leilão realizado em 2008, alvo de contestações do Ministério Público Federal. O único ofertante foi um consórcio (Novo Recife) envolvendo as empreiteiras Moura Dubeux, Queiroz Galvão, GL Empreendimentos e Ara Empreendimentos.

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Ocupe Estelita e outras entidades conseguiram que o projeto do Consórcio Novo Recife desse mais contrapartidas à cidade – Projeção da Moura Dubeux

Em 2012, tornou-se público o projeto imobiliário Novo Recife, que envolvia a construção de 13 espigões de até 40 andares que descaracterizariam a paisagem daquela cobiçada área do Centro histórico da cidade. Naquele momento o alerta foi ligado por um coletivo de ativistas que debatia a cidade do Recife, o Grupo Direitos Urbanos. Nascia ali o Ocupe Estelita, que passou a fazer mobilizações cobrando audiências públicas, esclarecimentos sobre o projeto e o processo de aquisição do terreno.

O local de 10 hectares foi palco de atividades políticas e eventos culturais, além de ocupações realizadas pelos ativistas. Artistas como Otto e Manu Chao passaram pelo Estelita e intelectuais como David Harvey se referenciavam àquela luta nos seus estudos. A mobilização popular se ampliou, saindo do círculo universitário e intelectual, passando a incluir setores mais populares, da luta por moradia, abraçando as famílias que se amontoavam em barracos ao longo da avenida Sul.

As movimentações das gestões dos prefeitos João da Costa (PT) e, principalmente, Geraldo Júlio (PSB), contribuíram para o avanço do Novo Recife. Em paralelo, a cada decisão obtida na Justiça, o Consórcio Novo Recife exigia a reintegração de posse, até que uma empresa de segurança privada foi contratada para evitar novas ocupações. A disputa judicial se arrastou até o início de 2019, quando tiveram início as demolições dos antigos armazéns que durante décadas receberam cargas trazidas pelos trens, mas que estavam abandonados há muito tempo.

Editado por: Martina Medina
Tags: PERNAMBUCOrecife
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