O prazo para entregar a declaração do Imposto de Renda (IR) termina no dia 30 de maio. Apesar de parecer que ainda há tempo, quem ainda não começou a reunir os documentos deve se organizar para não cair na malha fina, alerta a contadora, mestre e doutoranda em educação financeira Cíntia Senna.
Em entrevista ao programa Conexão BdF, do Brasil de Fato, ela detalhou os principais critérios para saber quem é obrigado a declarar e deu orientações para quem quer aproveitar melhor o processo. “O que a gente chama de malha fina nada mais é do que alguma inconsistência no preenchimento ou até a não entrega da declaração. Isso pode impactar o CPF e dificultar o acesso a serviços no cotidiano”, explica.
Quem precisa declarar?
Deve fazer a declaração quem:
- Teve renda tributável superior a R$ 33.888 em 2024 (salários, prolabores, trabalhos autônomos);
- Recebeu mais de R$ 200 mil em rendimentos isentos (como FGTS ou lucros);
- Possui mais de R$ 800 mil em bens (como imóveis, veículos, aplicações e saldos bancários);
- Realizou operações na bolsa de valores superiores a R$ 40 mil no ano.
Mesmo quem não se enquadra nesses critérios pode declarar voluntariamente, e, em alguns casos, ter direito à restituição. “Se você começou a trabalhar no ano passado e teve desconto de IR na fonte, só consegue reaver esse valor declarando”, explica Senna.
Restituição: quem tem prioridade?
O primeiro lote de restituição está previsto para maio, e alguns grupos têm prioridade no recebimento, como:
- Idosos;
- Pessoas com deficiência ou doenças graves;
- Contribuintes que optaram por receber via Pix.
As pessoas que entregarem a declaração do IR até esta sexta-feira (9) também serão priorizadas, afirmou a Receita. Mas entregar mais cedo não garante o recebimento imediato, lembra a contadora. “Mesmo quem declara agora pode receber nos lotes seguintes. São cinco ao todo, entre maio e setembro”, afirma.
A consulta pode ser feita no site da Receita Federal, informando o CPF. Por lá, o contribuinte também acompanha se a declaração foi processada ou se há pendências.
Por que a restituição pode ficar menor neste ano?
Muitos contribuintes têm relatado valores de restituição menores em 2025. Segundo Senna, isso está diretamente ligado à defasagem da tabela do Imposto de Renda, que não acompanha a inflação nem os reajustes salariais.
“Com o aumento dos salários por conta da inflação e do dissídio, mas sem a correção da tabela, a base de cálculo do imposto aumenta. Isso faz com que as pessoas paguem mais e restituam menos”, esclarece.
Como pagar menos imposto e planejar a restituição
Para tentar diminuir a “mordida do leão”, o contribuinte pode escolher entre duas formas de declarar: o modelo simplificado, que aplica um desconto automático de 20% (limitado a R$ 16.000), ou o modelo completo, que permite incluir deduções como gastos com saúde, educação, dependentes, INSS e previdência privada.
Cíntia recomenda comparar os dois modelos antes de enviar. “Esse é um bom momento para fazer um planejamento tributário, entender quais gastos podem ser usados legalmente para reduzir o imposto e se organizar melhor para o próximo ano”, orienta.
E o que fazer com a restituição? A especialista sugere avaliar o cenário financeiro pessoal. “Se estiver inadimplente, tente negociar dívidas e quitá-las à vista. Se estiver com tudo em dia, vale usar a restituição como ponto de partida para começar a poupar”, conclui.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.