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Início Bem viver Cultura

CRÍTICA

Filme ‘Oeste outra vez’ mostra crepúsculo do macho raiz

Longa ambientado no Centro-Oeste é western existencial de homens embrutecidos e prisioneiros da masculinidade frágil

18.maio.2025 às 13h30
São Paulo (SP)
Marcos Vinícius Almeida
Babu Santana e Ângelo Antônio em cena do filme 'Oeste Outra Vez', de Erico Rassi

Babu Santana e Ângelo Antônio em cena do filme 'Oeste Outra Vez', de Erico Rassi - Divulgação/O2 Play

Nas primeiras cenas de Oeste outra vez, como um antigo duelo, temos dois homens frente a frente, numa planície descampada, no meio do nada, próximo a um lixão. 

Totó, personagem interpretado por Ângelo Antônio, aparece num plano fechado, acelerando com ódio sua picape Pampa vermelha. Do outro lado está Durval, personagem de Babu Santana, numa grande camionete Chevrolet. Totó dá um cavalo de pau e fecha o caminho. Durval desce da camionete, joga Totó contra o vidro e depois no chão.

Então vemos o semblante de uma mulher de costas para a confusão. Ela desce do veículo e vai embora. Será a única aparição de uma mulher durante todo o filme. Explodem os primeiros acordes da canção Eu também sou sentimental, de Nelson Ned: “Quem é?/Que não foi pelo menos/ Uma vez na vida/ Um bobo de alguém?”. 

O sentimento que guia os homens do filme do diretor Erico Rassi é um ressentimento silencioso cuja única expressão simbólica é a violência das armas de fogo e copos de cachaça pura rebatidos com limão amargo.

Depois de apanhar de Durval, Totó vai atrás de um velho pistoleiro, Jerominho, em ótima performance de Rodger Rogério. Jerominho tinha sido uma espécie de jagunço de um grande fazendeiro em tempos pretéritos e agora vivia em barraco caindo aos pedaços, com um fogão a lenha improvisado dentro de um fogão a gás.

Essa pequena gambiarra é uma poderosa metáfora para a inadequação destrutiva desses homens a novos arranjos sociais. Sem a chaminé, o fogão improvisado despeja a fumaça tóxica dentro da própria casa.

Totó, que parece não ter mais ninguém no mundo, não dá conta de resolver seus problemas sozinho e tem em Jerominho, para além de um assassino de encomenda, uma espécie de apoio emocional. Ele joga sinuca sozinho no próprio bar vazio, cadeiras de lata e paredes sem reboco, uma paisagem comum de um vastíssimo Brasil interior, que é filmado com maestria por Rassi.

O assassinato por encomenda acaba dando errado. E agora é Durval que encomenda o assassinato de Totó. Algoz e vítima estão sempre trocando de lugar, talvez para mostrar ao espectador que a violência ressentida não representa nenhum tipo de justiça, mas uma teimosia vazia e automática, de quem busca o caminho da autodestruição.

Inspirado em referências contemporâneas como a “Trilogia da fronteira” de Cormac McCarthy ou o mesmo nos games Red Dead Redemption, os vaqueiros parecem perdidos em um mundo no qual não há mais espaço para cowboys, o macho raiz. E por inúmeros motivos, acabam empreendendo uma fuga geográfica que parece ser também uma busca pela restauração dos valores tradicionalistas mortos.

Se em Todos os belos cavalos os garotos vão para o México em busca de um rancho para trabalhar, em Oeste outra vez Totó e Jerominho fogem de cavalo cada vez mais fundo na mata e no isolamento, atravessam o rio de barco e vão parar na casa de um ermitão alcoólatra, que vive num rancho de madeira e passa o dia bebendo cachaça.

Nesse espaço exclusivamente masculinista, a cultura é da autodestruição, e do extermínio do outro.  

Onda western nacional 

As paisagens do interior de Goiás, esse “estado sombrio”, como descreve o escritor André de Leones, são muito próximas de outras paisagens rurais do continente Brasil. Os rostos, jeito de falar, casas e lugares, a não ser pelo celular, mostram um modo de vida que é um vestígio de outro tempo.

O Brasil parece viver uma boa onda de westerns com locações no imaginário nacional. Goiás também é palco de um faroeste contemporâneo no romance Vento de queimada (2023), do próprio Leones. Tivemos recentemente a impecável produção de Cangaço Novo (2023), que deve ter uma segunda temporada, recentemente acompanhada por Maria e o Cangaço (2025), além da próxima novela Guerreiros do Sol, que estreia em junho deste ano. No campo dos livros recentes, além de Jenipapo Western (2024), de Tito Leite, também tivemos Pesadelo Tropical (2023), um faroeste no Brasil na Colônia, deste que vos escreve.

Um país tão violento como o nosso, forjado por extermínios e massacres que se propagaram ao longo dos séculos, talvez ainda não tenha tomado consciência de como cultuamos a violência como método. As artes narrativas parecem estar deixando alguns vestígios no ar.

Oeste outra vez acaba de chegar ao streaming e pode ser alugado pelo Youtube Filmes. 

*Marcos Vinícius Almeida é escritor, jornalista e redator. Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP, colaborou com a Ilustríssima da Folha de S. Paulo e O Globo. É autor do romance Pesadelo Tropical (Aboio, 2023).

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Nicolau Soares
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