Na manhã desta quarta-feira (28), a Universidade Federal de Pernambuco inaugura um marco memorial em homenagem ao padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, o popular “Padre Henrique”, braço direito de Dom Hélder Câmara e vítima da ditadura militar. A cerimônia acontece a partir das 9h30 e a homenagem será instalada na Praça da Liberdade, que fica em frente ao Restaurante Universitário do campus Recife da UFPE, na avenida dos Reitores.
A placa de cerâmica é fruto de parceria entre a instituição de ensino e o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), como parte do projeto História nas Paredes, do IAHGP, que tem espalhado marcos similares por todo o Recife, resgatando a história de ruas e construções da cidade.
A homenagem ao Padre Henrique trará no texto o relato de que “no Cemitério da Várzea, Dom Hélder conclamou a multidão a promover um silêncio profundo. Anos depois, declarou: ‘era um silêncio que gritava’. Passados 56 anos, a memória do padre Henrique permanece viva, inspirando todos aqueles que lutam pela causa dos direitos humanos neste país”.
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O padre Antônio Henrique era auxiliar direto do então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara. Este foi um inimigo declarado do regime militar, denunciando internacionalmente as violências da ditadura brasileira.
Quem é?
Antônio Henrique nasceu no Recife e ingressou aos 16 anos no Seminário de Olinda, de onde seguiu para o Seminário da Várzea. Cursou teologia nos Estados Unidos e retornou ao Brasil em 1962, concluindo o curso de seminarista em Olinda e Camaragibe. Foi ordenado por Dom Hélder em 1965, coordenou a Pastoral da Juventude, sempre envolvendo a igreja em questões sociais. Também lecionou em três escolas e era querido pela comunidade católica do Recife.
Em abril de 1969, o líder estudantil Cândido Pinto de Melo sofreu um atentado a tiros enquanto estava num ponto de ônibus. O jovem ficou paralítico. Em resposta ao ataque, o Padre Henrique organizou um protesto com os estudantes.
Um mês depois, em 26 de maio, o clérigo foi sequestrado por um grupo do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), milícia formada por militares e financiada por famílias da elite local. Na manhã do dia 27 o corpo do Padre Henrique foi encontrado com marcas de tortura e tiros na cabeça no terreno onde hoje fica o Colégio Militar do Recife, na Várzea. Seu velório arrastou uma multidão por oito quilômetros de caminhada, saindo da Igreja do Espinheiro até o Cemitério da Várzea.
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