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Antirracismo

Pensadora estadunidense Ruth Gilmore lança livro no Brasil e avisa: ‘Abolição é processo contínuo’

A liberdade é um lugar, diz geógrafa que explica os motivos que a levam a ter esperança no futuro

09.jun.2025 às 20h02
São Paulo (SP)
Rodrigo Durão Coelho
Pensadora estadunidense Ruth Gilmore lança livro no Brasil e avisa: ‘Abolição é processo contínuo’

Gilmore traça paralelos entre a luta pelos direitos civis dos anos 1960 e a atualidade - Mateus Rodrigues/ Editora Boitempo

Ruth Gilmore está de volta ao Brasil. Desta vez veio lançar seu livro Geografia da abolição: ensaios rumo à libertação, que reúne três décadas de ensaios da ativista e geógrafa. Nele, mostra como o capitalismo abandona conscientemente tanto pessoas como locais que considera indesejados.

É sua segunda vez no país, após conhecer, em outubro, movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outras formas de agremiação e resistência. “Já me sinto em casa”, diz ela, à reportagem do Brasil de Fato com um entusiasmo que contrasta com a paisagem cinza, fria e encharcada que vê da janela de seu hotel.

Na meia hora seguinte, Gilmore discorreu sobre os fios condutores de sua pesquisa antirracista, o atual estado da política em seu país, na esquerda e o que a faz ter esperança no futuro. Leia abaixo:

Brasil de Fato: Primeiro, obrigado por conversar conosco e gostaria de começar falando do seu livro Geografia da abolição: ensaios rumo à libertação. Por que a geografia ocupa papel tão central no seu pensamento e como ela se relaciona com o tema da liberdade e a luta antirracista?

Ruth Wilson Gilmore: Bem, agradeço a pergunta e obrigado por estar aqui comigo hoje. A geografia é importante porque ela enfatiza para as pessoas o fato de que a abolição é uma prática material, não é apenas uma ideia, não é apenas um ideal. É o que fazemos para transformar onde estamos e para onde queremos estar.

É um processo contínuo?

Exato. Uma das formas de eu resumir isso é dizer que a liberdade é um lugar, não é uma localização, como você olha no mapa e diz, “oh, há liberdade no Nordeste do Brasil”, mas, em vez disso, é o lugar que nós fazemos através da combinação da nossa energia social e da nossa relação com o ambiente construído e natural.

No seu livro, você apresenta a estudantes ferramentas para expandir a compreensão dos conceitos da abolição relacionados à geografia. Que ferramentas são essas?

As ferramentas são para pensar, primeiro de tudo, que qualquer território é compreendido por muitas contradições. Então, enquanto um território pode estar sob o controle direto do agronegócio, ou militar dos EUA, ou o controle desigual das elites de São Paulo, há também atividades em que as pessoas já estão engajadas e que estão tornando esse lugar diferente, seja com relação a diferentes práticas agricultoras, a organização própria das pessoas em quilombos, favelas ou MST, e ver as diversas maneiras que as pessoas constroem sua própria capacidade de melhorar o hoje para melhorar o amanhã.

Como o movimento do MST é visto nos EUA?

Essa é uma ótima pergunta. Para mim, e eu sou uma das 350 milhões de estadunidenses, o MST é um ótimo modelo para a organização e para mudar tudo. E, para mim, a abolição requer que a gente mude apenas uma coisa: tudo. O que eu não sei é o quão amplamente respeitado o MST é, mesmo na esquerda dos EUA, que é estranha e pequena.

Por que a esquerda dos EUA é tão pequena? Mesmo após terem George W.Bush e Trump, por que não há oposição? Vemos a defesa pela liberdade de expressão como uma das principais bandeiras do que é ser cidadão do seu país. Por que tão poucos confrontam o governo agora?

Ótima pergunta, o movimento da liberdade não morreu, não foi só um detalhe na história, que passou. Muitos dos ativistas do movimento da liberdade negra, do movimento da classe trabalhadora, que é parte do movimento da liberdade negra, o movimento para a igualdade de gênero e assim por diante, por um lado, foram muito frequentemente cooptados ou capturados pelo liberalismo.

E qual é o exemplo brilhante disso? Presidente Obama. Houve uma dispersão e, em muitos casos, uma supressão de mais formações radicais. Dito isso, e isso é algo que eu falo no livro, o trabalho, os objetivos analíticos e práticas e estratégias do movimento de liberdade radical não morreram, mas em muitos casos ficaram um pouco subterrâneos, mas estão voltando.

Podemos ver isso na abolição contemporânea nos Estados Unidos, no movimento para as vidas negras. Podemos ver isso em alguns dos esforços mais radicais para organizar sindicatos hoje. E o nível de organização de sindicatos nos EUA está muito baixo, mas está crescendo.

Onde está crescendo?

No setor público e no setor de serviços. E é aí que estão os empregos. As pessoas estavam organizando trabalhadores da Amazon, a empresa, não a região. Na verdade, a empresa está destruindo a região.

Os trabalhadores da Amazon estão se unindo, mas um dos desafios nos Estados Unidos tem a ver com o quanto o Estado capitalista racial dos EUA tem escrito e reescrito leis ao longo do tempo. Isso para que, mesmo que o movimento da liberdade negra finalmente tenha conseguido, nos anos 1960, o direito de votar e o direito de não ser discriminado, mas se você disser que está sendo discriminado, cabe a você provar a intenção de quem discrimina. O que é algo muito difícil de se provar.

Outra contradição é o comunismo. Até 1980, se você fosse trabalhar na Califórnia, onde eu moro há muitos anos, você tinha que assinar uma carta dizendo que não iria apoiar o Partido Comunista. E como isso se relaciona com a liberdade de expressão, seu direito constitucional? Todos os direitos de todos os lugares são… muito flexíveis, sujeitos a quem está em poder. Ao uso da força.

Em muitos casos, as pessoas lutaram e lutaram para alcançar a liberdade de expressão e fizeram isso com sucesso, mas agora há um recado e os fascistas que estão em cargos do governo dos Estados Unidos argumentam o que a liberdade de expressão é para que eles possam falar mal e insultar pessoas negras, mulheres, imigrantes e assim por diante.

Falando sobre o seu presidente, especialmente na Califórnia, há um grande contingente de militares que vão enfrentar manifestantes contrários às políticas contra estrangeiros dessa administração. Como você acha que as coisas vão se desenvolver? Prevê uma escalada dos conflitos?

Bem, estou profundamente preocupada com isso. Eu não iria tão longe a ponto de dizer prever, mas ficaria surpresa se não acontecesse. Talvez essa seja uma maneira covarde de prever. Como você provavelmente sabe, o presidente dos Estados Unidos enviou os militares para Los Angeles sem ser solicitado pelo prefeito da cidade ou o governador do estado.

Que considerou esse envio uma provocação…

Exatamente. E o presidente, cujo nome eu tento não usar, nós o chamamos de 47, porque é o número do presidente que ele é, o quadragésimo sétimo.

Aqui, algumas pessoas o chamam de Cheetos…

Essa é uma descrição perfeita. Cheetos 47 vem dizendo já há muitos anos que os militares devem conter protestos, incluindo os que surgiram após assassinato de George Floyd [homem negro que morreu asfixiado pela polícia dos EUA]. Ele então está incitando um conflito armado em Los Angeles para sabotar a credibilidade do governador e do prefeito.

Vou te dizer que não sou grande fã deles, mas são como dizem por aí, azuis [democratas]. Então, para o 47, eles são inimigos.

Você era bem jovem, adolescente, quando eclodiu o movimento por direitos civis nos EUAna década de 1960. Ainda assim, se lembra?

Eu não era tão jovem! Tinha 15 anos. Me lembro de tudo extremamente bem.

É possível comparar aquela época com agora, no sentido de o establishment lidar com forças que não consegue controlar?

Penso muito sobre isso e não sei exatamente onde estamos. O establishment tentou parar o movimento por liberdade de tantas maneiras, seja pela força, ou absorvendo algumas questões-chave e minimizando as contradições.

Por exemplo, quando eu tinha quatro anos de idade, a Suprema Corte decidiu que a segregação educacional não era correta, mas para que tudo não mudasse de uma hora para outra, determinou que cada instituição poderia mudar segundo o prazo que escolhesse. Poderia ser um ano, cinco, dez ou quinze anos. Não houve cobrança.

E o que os brancos fizeram? Em vez de ficarem nas cidades, foram para os subúrbios, que, com programas federais que construíram estradas, se isolaram. Eles não mandaram seus filhos para escolas mistas, problemáticas e sub-financiadas. Vários presidentes vieram de lá, Bill Clinton, Jimmy Carter, Lyndon Johnson e agora o 47.

Você acredita na dialética aplicada à presidência do seu país? Por exemplo, depois de George W. Bush tivemos Obama – que parecia no início oposto ao presidente que substituíra. Depois de Trump, você acha possível esperar alguém menos negativo?

Não tenho muita esperança disso. Volto ao Obama como exemplo da derrota de um tipo de racismo quando foi eleito. Mas sua política não foi boa, se ocorreu um aumento do estado de bem-estar social, o capitalismo estava totalmente imerso nele.

O sistema de saúde, o Obamacare é totalmente dominado pelas grandes empresas. E ele também foi o maior deportador… mas entendo que sua pergunta é se o pêndulo irá se mover mais para o centro. Talvez, mas algo que preocupa é o risco de fascistas e ultradireitistas, esse tipo de novo nacionalismo que está surgindo e se fortalecendo na Europa.

E toda a destruição causada pelo 47, acabando com programas, fechando embaixadas, causando inimizades com todos. Anunciado que a África será nossa, ou será nossa inimiga.

Você vê alguma razão para a esperança?

Sim, eu tenho. Eu vejo muitas razões para a esperança aqui, aprendendo com o MST. Estive no Brasil em outubro, no Acampamento Marielle Vive e foi totalmente incrível. De forma parecida, o que os companheiros sul-africanos vêm fazendo no movimento shack dwellers [lutando por moradia digna], com 140 mil integrantes. Essas duas iniciativas mostram que há muitos modelos de possibilidades, com regras flexíveis, mas que compartilham o horizonte correto.

Quando estive aqui, visitei muitos quilombos e, novamente, com seus modelos completamente diferentes de organização e solidariedade. Isso me dá esperança. Há 8 bilhões de pessoas no planeta, e eu prefiro pensar que 4 bilhões mais 1 estão do nosso lado.

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Editado por: Martina Medina
Tags: direito à liberdade de expressãoestados unidos
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