“Enquanto os hospitais desmoronam e as UPAs viram depósitos de doentes, a atenção primária está abandonada”, alertou a deputada distrital Dayse Amarilio (PSB-DF), nesta terça-feira (10), durante sessão ordinária da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Presidente da Comissão de Saúde da Casa, Amarilio alertou sobre o colapso da saúde pública do DF, marcada pelo sucateamento das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), superlotação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), o que chamou de “inversão de prioridades do governo Ibaneis Rocha”, alertando para a falta de planejamento e de investimentos estruturantes na rede pública de saúde do Distrito Federal.
As falas vieram após a prestação de contas da Secretaria de Saúde (SES-DF), realizada no dia 5 de junho na CLDF e com anúncio da assinatura dos contratos para a construção de seis das sete novas unidades de pronto atendimento UPAs anunciadas pelo Governo do Distrito Federal no último dia 4. Segundo dados do próprio governo, a pasta terminou o terceiro quadrimestre de 2024 com uma dotação orçamentária de R$ 13,3 bilhões, mas a execução dos recursos na atenção primária foi de apenas 67% do valor empenhado pelo governo durante o período.
“As UPAs deveriam ser unidades de pronto atendimento, onde o paciente fica até no máximo 24 horas. Mas hoje, viraram um depósito de doentes e um cenário de quebra-quebra” afirmou a parlamentar.
Segundo a deputada, as UBSs nas regiões mais vulneráveis são as mais afetadas pela escassez de equipes completas, ausência de agentes comunitários e falta de estrutura. “Nas regiões mais vulneráveis faltam equipes completas, agentes comunitários, estrutura física mínima. E, como reflexo disso, as UPAs estão colapsadas, absorvendo casos que deveriam ser resolvidos nas UBSs”, disse.
De acordo com o relatório da SES, 62,2% dos gastos da pasta foram com pessoal e encargos sociais — financiados majoritariamente (77%) pelo Fundo Constitucional. Os investimentos em obras e aquisição de equipamentos somaram apenas 1,7% do total.
“Esse recurso poderia ser muito melhor aplicado se fosse investido na atenção primária e no fortalecimento dos hospitais, inclusive com mais servidores,” destacou a parlamentar.

Criação de novas UPAS no DF
Apesar das denúncias sobre a precariedade das unidades já existentes, o GDF assinou no dia 4 de junho, contratos para a construção de seis das sete novas UPAs nas regiões de Sol Nascente/Pôr do Sol, Taguatinga Sul, Estrutural, Água Quente, Guará e Águas Claras. O investimento anunciado é de R$ 117 milhões, com promessa de entrega simultânea e geração de mais de mil empregos diretos.
Uma sétima unidade, prevista para a região de Arapoanga, ainda aguarda formalização contratual. Segundo o GDF, as novas unidades terão porte 3, com 65 leitos cada, infraestrutura moderna e funcionamento ininterrupto. Elas se somarão às 13 já existentes sob gestão do Iges-DF, instituto alvo de questionamentos e denúncias por parte do Tribunal de Contas e da Comissão de Direitos Humanos da CLDF.
Apesar disso, a crise nas unidades hospitalares se aprofunda com a falta de exames, escassez de profissionais e sobrecarga de serviços, segundo a deputada Dayse Amarilio . “O sistema não se comunica. Falta exame, falta profissional, falta tudo. A gestão do Ibaneis está transformando a saúde do DF em um caos institucionalizado”.
O Brasil de Fato DF procurou a Secretaria de Saúde para comentar sobre as denúncias de precarização na saúde, mas até a publicação desta reportagem não houve retorno, o espaço está aberto.