Cuba e China reafirmaram nesta quarta-feira (11) o compromisso de expandir e fortalecer a cooperação bilateral em setores estratégicos, como biotecnologia e infraestrutura.
Em mais um gesto de aproximação diplomática, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, recebeu no Palácio da Revolução o representante especial do governo chinês para assuntos latino-americanos, Qiu Xiaoqi, em uma visita oficial voltada à consolidação da aliança entre os dois países.
Pelas redes sociais, Díaz-Canel destacou que o encontro ressaltou “os laços bilaterais como referência de cooperação solidária entre países socialistas”.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Eduardo Regalado Florido, pesquisador do Centro de Pesquisas de Política Internacional (CIPI), afirmou que há interesse mútuo em “aprofundar os vínculos” e “superar os desafios”. Para isso, explicou, “estão sendo buscadas soluções criativas para estimular os investimentos chineses em Cuba”.
Segundo o pesquisador, ainda há entraves a serem superados. De um lado, algumas empresas cubanas têm dívidas com a China; de outro, distorções macroeconômicas na ilha dificultam o retorno dos investimentos.
O especialista também destacou que Cuba possui ampla experiência reconhecida no campo da biotecnologia, o que despertou o interesse mútuo em aprofundar a cooperação nessa área. Nesse contexto, Havana e Pequim buscam incentivar o investimento estrangeiro — uma prioridade urgente para a economia cubana — por meio da criação de um ambiente mais favorável à entrada de capital.
“Existe uma comissão intergovernamental ativa, e ambos os países reconhecem que ainda há um potencial não explorado para seguir ampliando as relações”, acrescentou Regalado.
Há mais de dez dias, Qiu Xiaoqi visita diferentes regiões da ilha. Segundo suas declarações, o objetivo da viagem é “aprofundar o conhecimento sobre a situação de Cuba” e “promover ativamente as relações bilaterais”.
Durante sua estadia, o enviado chinês participou de reuniões com autoridades cubanas, nas quais reafirmou que Pequim considera Cuba “um amigo, parceiro e irmão”. Ele também assegurou que a prioridade é “colocar em prática os acordos” firmados anteriormente entre os dois governos.
Uma “comunidade de futuro compartilhado”
Em 9 de maio, Díaz-Canel e seu homólogo chinês, Xi Jinping, reuniram-se em Moscou durante as celebrações pelo Dia da Vitória. No encontro, ambos os líderes concordaram em iniciar uma nova etapa de cooperação mais robusta e avançar na construção de uma “comunidade de futuro compartilhado” — expressão utilizada pela China para designar alianças estratégicas de alto nível.
Esse conceito é um dos pilares da política externa chinesa, com o objetivo de fortalecer o diálogo, promover a integração econômica e ampliar a cooperação em múltiplas áreas. Trata-se de uma estratégia para posicionar o país como um ator-chave em uma ordem internacional multipolar.
A visita de Qiu Xiaoqi insere-se no marco dos consensos alcançados naquele encontro. Nesse contexto, o diplomata reiterou que a China está disposta a “fazer todo o possível para oferecer apoio” diante dos desafios econômicos enfrentados por Cuba. Embora ambos os lados tenham descrito as reuniões como “produtivas”, não foram divulgados detalhes específicos sobre os acordos firmados.
Nos últimos meses, a China intensificou seu apoio técnico e financeiro para promover o uso de energia solar em Cuba, em meio a uma grave crise energética marcada por apagões frequentes. Em dezembro passado, o país asiático doou cerca de 70 toneladas de peças e componentes para geradores, com o objetivo de contribuir para a recuperação do sistema elétrico cubano.
Essas ações integram uma cooperação mais ampla, que abrange setores estratégicos como energia, transporte, segurança alimentar e comércio.