O conflito entre Irã e Israel entrou nesta segunda-feira (16) no quarto dia, sem perspectiva de cessar-fogo. Dos mais de 240 mortos, 224 estão em território iraniano, segundo dados oficiais. Em entrevista ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, o jornalista iraniano Mehrab Gholami, diretamente de Teerã, afirma que o país não estava preparado para a guerra. Ele classifica os ataques como uma “covardia” iniciada por Israel, que descreve como um “regime terrorista”.
“Não estávamos preparados. […] O regime sionista começou essa guerra contra o nosso país. Estão atacando prédios, lugares estratégicos, civis e militares, e não há previsão para parar com essa covardia contra o nosso país”, diz. Ele lembra que o ataque ocorreu em meio a uma negociação nuclear com os Estados Unidos. “Toda a situação diplomática estava seguindo. De repente um regime terrorista, ataca um país, civis, militares, comandantes, lideres militares… Sempre queremos paz, mas Israel nos atacou, estamos nos defendendo”, declara.
Para Gholami, o ataque “é muito absurdo”, uma vez que o país não seria uma potência agressora. “Na história do Irã, não começamos nenhuma guerra, seguimos todos os direitos internacionais”, afirma. Ele acredita que o Irã segue comprometido com soluções diplomáticas. “Nunca queremos guerra, nunca queremos matar as pessoas”, fala. “Infelizmente esse número de mortos vai aumentar, ainda tem muitos corpos que não foram descobertos”, lamenta. Além das mortes, ao menos 1.250 pessoas ficaram feridas.
O jornalista clama por uma resposta da comunidade internacional pelo fim da guerra. “Queremos que todo mundo condene esse ataque, que o Conselho de Segurança da das Nações Unidas e a comunidade mundial levantem-se contra Israel, para que ele pare com essa covardia e para que haja paz para todos nós”, pede.
A escalada militar entre Israel e Irã começou na última quinta-feira (13), após ataques israelenses contra instalações nucleares e bases militares iranianas. O Irã respondeu com mísseis e drones, atingindo várias cidades israelenses. O confronto direto entre os dois países já dura quatro dias e acende alertas sobre o risco de uma guerra regional, e até global, com impactos diplomáticos e econômicos mundiais.
Mesmo com guerra, vida segue
Apesar dos bombardeios, a maior parte da população tem conseguido manter o acesso a itens básicos, após os cortes iniciais de água, luz e gás, de acordo com o jornalista. “Durante esses quatro dias, algumas cidades tiveram problemas por algumas horas. Ontem, por exemplo, Teerã teve problema de água, mas não é permanente”, relata. “Em geral, agora está tudo seguindo normal. Mas o povo está sofrendo e às vezes falta alguma coisa, sim.”
Mehrab Gholami destaca que o governo iraniano tem atuado para garantir o abastecimento e restaurar rapidamente os serviços interrompidos. “Mercados e supermercados têm carne, milho… tudo o que as pessoas precisam no dia a dia. O governo está tentando arrumar tudo. Combustível também. Às vezes enfrentamos filas no posto de gasolina, mas não é como estão dizendo, que o país está em crise total”, pontua.
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