A escalada de ataques contra o Irã promovida pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, “tem a ver com a sobrevivência do governo”, segundo o deputado israelense Ofer Cassif, da coalizão Hadash, liderada pelo Partido Comunista.
“Netanyahu está sempre em busca de sobrevivência e é óbvio que ele está fazendo tudo o que pode para sobreviver como primeiro-ministro e para se manter fora da prisão”, afirmou em entrevista exclusiva a Opera Mundi, referindo-se ao mandado emitido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na Faixa de Gaza.
Classificando o mandatário israelense de extrema direita como “um psicopata que se preocupa apenas com seu próprio bem-estar”, o parlamentar do Knesset descartou a justificativa dado pelo regime sionista sobre a recente ofensiva se tratar de “segurança” nacional. Para Cassif, há dois principais fatores que motivam a conduta de Netanyahu, supostamente realizada contra os alvos nucleares e militares iranianos, uma vez que civis foram atingidos.
“Em primeiro lugar, desviar a atenção, tanto nacional quanto internacional, do genocídio em curso na Faixa de Gaza, incluindo o sacrifício dos reféns israelenses. Em segundo lugar, servir aos interesses do imperialismo norte-americano, mudando a estrutura e os regimes no Oriente Médio em favor dos Estados Unidos como já foi feito no Iraque, Líbia e Síria”, afirmou.
Parlamento ignora população e apoia ofensiva
Na política interna israelense, o governo Netanyahu sobreviveu na última quinta-feira (12/06), horas antes do início dos ataques contra o Irã, à dissolução do Parlamento, que levaria às eleições antecipadas. Contudo, Cassif opina que a proposta de dissolução rejeitada, que salvou o governo Netanyahu, “é muito marginal como parte do cálculo para lançar este ataque ao Irã”.
Segundo o deputado, o que de fato foi influente para os ataques é que grande parte do Knesset apoia “a política agressiva” e a ofensiva do governo Netanyahu ao Irã, tornando a oposição “muito fraca”. No entanto, sustenta que a conduta é “definitivamente contra os interesses do povo israelense”. “No final, é claro, Israel, como sociedade e como Estado, está perdendo por causa disso”, acrescentou.
Nesse sentido, considera o apoio do Parlamento ao governo Netanyahu e sua escalada de violência no Oriente Médio, ao contrário da opinião popular no país, como “no mínimo vergonhoso”.
Cassif também afirmou que sua coalizão foi “violentamente atacada”, acusada de apoiar “a ditadura iraniana” e o suposto desenvolvimento de armas nucleares pela posição contrária à ofensiva de Netanyahu. “Isso é uma pura mentira. Sempre fomos contra qualquer tipo de desenvolvimento de armas de destruição em massa no Irã, em Israel e em qualquer outro lugar do mundo”.
Diante da resistência do Parlamento em ouvir a população e se opor ao governo Netanyahu, Cassif acredita que “a guerra deve continuar e o derramamento de sangue se espalhar ainda mais no país”.
Nessa medida, “mais e mais pessoas gradualmente darão as costas ao governo, começarão a fazer perguntas, questionarão a guerra e, talvez, depois, resistirão, mas, infelizmente, ainda não chegamos lá”, concluiu.