O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide nesta quarta-feira (18) se interrompe ou não um ciclo de alta da taxa básica de juros da economia nacional que já dura 11 meses. Com a inflação acima da meta, mas cada vez menor, surge a possibilidade de que o comitê presidido por Gabriel Galípolo mantenha a Selic em 14,75% ao ano.
A última vez que o Copom se reuniu e decidiu não subir os juros ocorreu no final de julho do ano passado, quando o órgão ainda era presidido por Roberto Campos Neto. De lá para cá, foram seis altas seguidas da Selic promovidas pelo órgão.
Todas essas altas foram realizadas sob o argumento de que a inflação no país precisava ser contida. Nos últimos 12 meses encerrados em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,32% – acima da meta de até 4,5% definida pelo governo para o ano. Até abril, porém, esse índice acumulado era maior: 5,53%.
Segundo a edição mais recente do Boletim Focus, pesquisa semanal com analistas do mercado financeiro, a taxa básica deve ser mantida em 14,75% ao ano até o fim de 2025, iniciando uma redução em 2026.
Economistas, entretanto, consideram a possibilidade que a Selic suba 0,25 ponto. Assim, ela chegaria em 15% – maior taxa desde 2006.
“A minha previsão sobre o Copom é que eles vão aumentar em 0,25% a taxa Selic para sinalizar uma interrupção do ciclo de aumentos para um futuro ainda indefinido”, disse José Luis Oreiro, economista e professor da Universidade de Brasília (UnB). “Agora, o que eu acho que eles deveriam fazer é parar com as altas agora.”
“Cair agora não cai”, adiantou Weslley Cantelmo, economista e presidente do Instituto Economias e Planejamento. “Tem uma fração do mercado brigando para uma elevação de 0,25 ponto da Selic. É provável que o Copom mantenha.”
Para Mauricio Weiss, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a decisão mais acertada seria mesmo a manutenção, mas ele admite que há chance de alta, até maior do que a de 0,25 ponto.
“Espero uma estabilidade e que, se houver alta, não seja superior a 0,25”, disse. “Embora a inflação esteja acima do teto da meta, ela apresenta uma trajetória de queda recente. Como os efeitos dos juros têm um prazo de seis meses para serem sentidos na economia, vejo que já chegou o momento de segurar a taxa.”
O economista Pedro Faria também defende a manutenção da Selic e vê motivos para isso. “A inflação de alimentos foi melhor, o câmbio continua caindo, a incerteza global que a gente está vivendo parece estar incidindo no dólar, no sentido da desvalorização”, explicou. “O ideal seria manter e deixar o comunicado aberto para eventuais mudanças no futuro.”
O que é Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente comprando e vendendo títulos públicos federais para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta os juros, isso encarece o crédito e estimula a poupança. Por isso, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Ao reduzir a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, estimulando a atividade econômica.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Meta de inflação
Pelo novo sistema de meta contínua em vigor desde janeiro, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), comandado pelo governo, é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.
No modelo, a meta passa ser apurada mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses. Em maio de 2025, a inflação desde junho de 2024 é comparada com a meta e o intervalo de tolerância. Em junho, o procedimento se repete, com apuração a partir de julho de 2024. Dessa forma, a verificação se desloca ao longo do tempo, não ficando mais restrita ao índice do fim de cada ano.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2025 em 5,1%, mas a estimativa pode ser revista, dependendo do comportamento do dólar e da inflação. O próximo relatório será divulgado no fim de junho.
*Com informações da Agência Brasil