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Socialismo

‘Não é só resistência, é criação’, diz presidente cubano em entrevista

Díaz-Canel fala ao Opera Mundi sobre crise, bloqueio dos EUA e desafios do socialismo cubano

21.jun.2025 às 14h26
Havana (Cuba)
Gabriel Vera Lopes
‘Não é só resistência, é criação’, diz presidente cubano em entrevista

“O bloqueio nos coloca numa lógica de praça sitiada”, disse presidente de Cuba sobre a lógica de tomada de decisão do governo - Reprodução/YouTube Opera Mundi

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, concedeu uma longa entrevista ao programa 20 Minutos, do canal do YouTube do Opera Mundi. Publicada na quinta-feira (19), a conversa com Breno Altman, diretor do site, abordou os desafios enfrentados por Cuba, a primeira Revolução Socialista vitoriosa da América Latina e do Caribe, em um contexto de profundas transformações sociais e econômicas na ilha.

O diálogo teve início com foco na atual situação econômica, considerada uma das mais graves desde os anos 1990, após o colapso do campo socialista. Díaz-Canel apontou como uma das principais causas da crise os mais de sessenta anos de bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos.

Durante a entrevista, ele relembrou o memorando secreto de 1960 enviado por Lester D. Mallory, então subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, ao presidente Dwight D. Eisenhower. No documento, Mallory recomendava “a aplicação rápida de todos os meios possíveis para enfraquecer a vida econômica de Cuba”, com o objetivo de privar o país de “dinheiro e suprimentos, reduzir seus recursos financeiros e salários reais, provocar fome, desespero e a queda do governo”.

Segundo o presidente de Cuba, esse plano representa uma forma de guerra econômica contra a ilha. No entanto, apesar das adversidades, ele destacou que “a resistência do povo cubano frustrou esse propósito”, mesmo com todas as dificuldades geradas por essa política coercitiva.

Díaz-Canel afirmou que a ofensiva dos EUA se intensificou a partir de 2017, com mais de 240 medidas coercitivas impostas pelo governo Trump – mantidas por Joe Biden e agravadas diante da possibilidade de retorno de Trump à Casa Branca em 2025.

Como exemplo da crueldade do bloqueio, o presidente relatou como o governo cubano teve que improvisar soluções durante a pandemia de covid-19. Ele lembrou que, no auge da pandemia, Cuba precisou expandir as unidades de terapia intensiva com ventiladores pulmonares – equipamentos que não são produzidos na ilha e precisavam ser adquiridos no exterior. Contudo, mesmo diante da urgência, a venda foi negada devido ao bloqueio.

Diante desse cenário, ele afirmou que “o governo dos EUA pressionou empresas que vendiam oxigênio para Cuba na América Latina e no Caribe. Estavam nos condenando à morte”. Por isso, jovens cientistas cubanos desenvolveram modelos próprios de ventiladores, embora o processo tenha levado tempo.

“Depois, houve uma pane na planta cubana de oxigênio medicinal. A quebra durou vários meses e, em determinado momento, as reservas se esgotaram.”

O presidente relatou que, quando a planta deixou de funcionar e o oxigênio acabou, foi necessário organizar uma operação logística “com precisão militar” para distribuir o pouco que restava – em parte graças à solidariedade internacional.

Segundo ele, “não houve um número elevado de mortes graças à estratégia adotada e ao apoio de países irmãos, como a Rússia, que enviou um avião para Cuba, realizando viagens para buscar carregamentos de oxigênio em países amigos como a Venezuela e outros da região, que eram distribuídos quase imediatamente”.

Situação semelhante ocorreu com as vacinas. “Como se não bastasse, também não tivemos acesso às vacinas que já haviam sido desenvolvidas. Tivemos que pedir aos nossos cientistas que criassem as nossas – e eles conseguiram, salvando o país”, declarou.

Ele explicou que tudo isso aconteceu em meio a um bloqueio ainda mais rígido, “que evidenciou a enorme perversidade e insensibilidade do governo dos Estados Unidos”.

“Não se trata apenas de resistir, mas de como resistimos e avançamos”, afirmou. “Desenvolver vacinas, por exemplo. Quantos países conseguiram fazer isso? Muito poucos – dá pra contar nos dedos de uma mão. E nós conseguimos. Isso não é só resistência, é criação.”

“O bloqueio nos coloca numa lógica de praça sitiada”

O presidente também analisou um aspecto menos visível, mas determinante, do bloqueio: seu impacto psicológico sobre a tomada de decisões. Para além das limitações materiais, o cerco econômico impõe um estado mental defensivo, que condiciona o pensamento estratégico do país.

“O bloqueio nos coloca numa lógica de praça sitiada”, disse. “E essa postura, às vezes, provoca lentidão na análise e na tomada de decisões, pois gera desconfiança constante. Vivemos sob máxima pressão.”

Essa pressão afeta não apenas os recursos ou a margem de manobra do governo, mas também a forma de encarar os desafios: com cautela, desconfiança e, por vezes, paralisia – o que dificulta avanços. Trata-se de uma lógica de resistência que, embora reforce a coesão frente ao cerco, pode interferir na agilidade e ousadia necessárias para implementar transformações internas.

Ainda assim, Díaz-Canel destacou que essa adversidade não reduziu o compromisso de seu governo com os princípios da revolução nem com a melhoria da vida cotidiana da população. Reafirmou o esforço persistente daqueles que mantêm as políticas públicas, mesmo diante de dificuldades extremas.

“São feitos enormes esforços, com vontade revolucionária e humanista, para cumprir nosso dever e elevar a qualidade de vida da população”, destacou.

Contudo, o presidente não atribuiu todas as dificuldades exclusivamente ao bloqueio. Também reconheceu falhas internas: “Seria desonesto dizer que não cometemos erros. É impossível não errar em uma situação tão complexa e desafiadora”, admitiu, mencionando problemas como a unificação monetária, o excesso de burocracia e uma mentalidade demasiadamente voltada à importação.

Ainda assim, enfatizou: “Mesmo com o bloqueio cada vez mais rígido, nossa vontade é superar essa situação com talento, inteligência, criatividade e inovação – e responder com mais uma vitória”.

“O socialismo implica transformações constantes”

Nos últimos anos, Cuba passou por mudanças profundas. Ao longo da última década, debates importantes foram realizados sobre a “atualização do modelo econômico e social da Revolução Cubana”, mas foi nos últimos três anos que ocorreram as mudanças mais marcantes.

A partir de 2021, foram implementadas medidas centrais dessa atualização. Em janeiro daquele ano, houve a unificação monetária e cambial – uma reforma que gerou forte desvalorização e perda de poder de compra. Em setembro, as pequenas e médias empresas privadas, conhecidas como Mipymes, passaram a ser autorizadas.

Essas transformações econômicas desencadearam mudanças sociais intensas na ilha. O projeto de igualdade radical que marcou a revolução por décadas começou a apresentar sinais de desgaste. Às dificuldades já existentes somou-se agora um aumento inédito da desigualdade dentro do contexto revolucionário – tema que vem ocupando o centro do debate público nos últimos anos.

Sobre a atualização do modelo socialista, Díaz-Canel afirmou: “O socialismo, por ser uma revolução em construção, implica transformações constantes. Aprendemos e trocamos experiências com modelos como o do Vietnã e o da China.”

Mas observou que “China e Vietnã não sofrem bloqueio e tiveram outras possibilidades. Nós, por outro lado, mantemos uma economia planejada, com um conceito tradicional de construção socialista – embora já estejamos incorporando elementos de mercado”.

Segundo ele, “ampliamos o setor não estatal, o setor privado, que sempre existiu na revolução. Sempre houve cooperativas e propriedades privadas na agropecuária. Agora é um setor mais diverso, presente em todo o sistema. Isso está funcionando. Inclusive, esse tipo de propriedade já é reconhecido, assim como formas não estatais de gestão sobre bens estatais.”

Lembrando Fidel Castro, o presidente afirmou: “Tudo o que fizermos na área econômica deve contribuir para o desenvolvimento do país, tanto econômico quanto social. Para Fidel, não fazia sentido crescer apenas economicamente. A construção do socialismo exige que esse desenvolvimento tenha impacto social, baseado na justiça e na redistribuição justa. Isso é inegociável.”

O poder popular

Diante das críticas ao modelo político cubano, Díaz-Canel defendeu enfaticamente o caráter participativo do sistema, destacando os mecanismos que garantem uma democracia de base mesmo em condições adversas. Ressaltou que, apesar do bloqueio e das limitações econômicas, os espaços de participação cidadã nas decisões foram ampliados.

“Em Cuba, buscamos cada vez mais a unidade por meio da participação”, disse. “Melhoramos a produção normativa: as leis aprovadas pela Assembleia Nacional são divulgadas com antecedência, e há plataformas para que a população contribua com sugestões – que depois são incorporadas, fortalecendo essas normas. Isso é participação popular.”

Segundo ele, essa abordagem vai além da esfera legislativa, abrangendo também os processos de transformação social nas comunidades. A participação cidadã é vista como um mecanismo essencial para diagnosticar problemas, implementar ações e exercer controle.

“Estamos desenvolvendo processos sociais baseados em propostas dos próprios cidadãos, que participam como eleitores, na execução de suas ideias e no controle popular do que foi feito”, afirmou.

Díaz-Canel também defendeu o sistema eleitoral cubano, no qual as candidaturas surgem desde o nível local e passam pelo crivo da comunidade em todas as etapas.

“Em Cuba, são os próprios vizinhos que indicam e elegem seus representantes nos órgãos do Estado e do governo – nas assembleias municipais e na Assembleia Nacional. Depois, o povo vota. Ninguém pode ser presidente, vice-presidente ou membro do Conselho de Estado sem antes ter sido aprovado por uma circunscrição e por uma Assembleia Municipal do Poder Popular.”

“Tenho muito carinho e admiração pelo MST”

Sobre as relações com o Brasil, Díaz-Canel afirmou que “os povos cubano e brasileiro se querem bem e se admiram mutuamente. Temos uma relação histórica e cultural que nos une – inclusive semelhanças no jeito de ser.” Ele também destacou sua amizade pessoal com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva: “Lula é nosso amigo, um irmão de Cuba.”

Recordou momentos difíceis, como quando “Lula foi injustamente preso, e mais de dois milhões de cubanos assinaram pedindo sua libertação”. Também lamentou o período do governo Bolsonaro: “Com o governo Dilma, pudemos cooperar modestamente na saúde, com mais de 11.500 médicos cubanos atuando em comunidades onde a saúde pública jamais havia chegado.”

Afirmou que a proximidade entre os povos vai além dos vínculos diplomáticos, sendo fortalecida por laços entre movimentos sociais e a sociedade civil.

Em um dos momentos mais emotivos – o único em que sorriu espontaneamente – disse: “Temos muitos amigos no Brasil, em todos os setores. Em especial, tenho muito carinho e admiração pelo Movimento dos Sem Terra, pelo João Pedro [Stedile], que é meu amigo, e também uma amizade profunda com Frei Betto. São grandes companheiros. Acredito que cada cubano tenha alguma história de amizade com brasileiros.”

Editado por: Thalita Pires
Tags: Anti-imperialismobloqueiocubamstsocialismo
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