O presidente queniano, William Ruto, sugeriu ao Conselho de Segurança da ONU que seu país poderia “rever seu compromisso” com a Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MSS) no Haiti, devido ao descumprimento dos acordos adotados pela comunidade internacional.
Ruto enviou uma carta ao presidente do Conselho, Mohamed Irfaan Ali, e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciando que menos de 40% do efetivo prometido foi utilizado e que apenas 11% do financiamento necessário para o primeiro ano foi recebido: US$ 68 milhões (R$ 372 mi) dos US$ 600 milhões (R$ 3,2 bi) estimados.
Ele também alertou que acordos fundamentais para o bom funcionamento logístico da missão estão prestes a expirar e que, sem uma orientação clara do Conselho de Segurança da ONU, o Quênia não poderá continuar liderando a operação.
“Somos obrigados a rever nosso compromisso”, disse Ruto, exigindo uma decisão decisiva antes do término do mandato atual da missão.
Uma reunião do Conselho de Segurança da ONU foi convocada para a próxima segunda-feira (30). A desordem pública continua no Haiti, com domínio de gangues criminosas em grande parte da capital e a continuidade da violência em todo o país.
O envio de tropas quenianas para a missão enfrentou a resistência dos movimentos populares do país e também de organizações haitianas, signatárias do Acordo de Montana. À época, movimentos sociais e populares ligados à Alba Movimientos e a Assembleia Internacional dos Povos (AIP) rejeitaram a chegada de “nova intervenção militar estrangeira apoiada pela ONU em cumplicidade com os Estados Unidos”.
“Pelo menos mil policiais chegam ao Haiti para supostamente acabar com a violência das gangues. O destacamento policial foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU e terá como consequências a desestabilização e o prolongamento da crise haitiana. Pedimos à comunidade internacional que rejeite qualquer tipo de interferência estrangeira no Haiti e que se respeite a autodeterminação do povo haitiano”, disse o comunicado emitido em 2024.
A violência de gangues no Haiti deslocou cerca de 1,3 milhão de pessoas de suas casas, aumentando a fome e a insegurança, enquanto hospitais fecharam suas portas e grande parte da economia, do sistema Judiciário e do governo permanecem paralisados.